Selecionado para representar o Brasil na corrida do Oscar deste ano, teve sua pré-estreia européia no Festival de Cannes (onde o diretor é sempre querido!) e foi o filme de abertura do Festival de Gramado. Na verdade, Cacá, como é chamado, é provavelmente o diretor brasileiro com uma carreira mais notável, denunciando sempre uma paixão pela música (assim assinou entre outros, Xica da Silva, Joanna Francesa com Jeanne Moreau, Orfeu, Tieta do Agreste, Veja esta Canção, Dias Melhores Virão, Bye Bye Brasil e outros). Isso explica este ambicioso projeto que nasce a partir do show de dança e música, que eram originalmente um espetáculo de dança/balé, criados por Chico Buarque e Edu Lobo (e hoje todas as canções são clássicas e servem como fio narrativo para a história de um grupo de pessoas que trabalham num circo modesto e mambembe). O prestígio do diretor se confirma pela presença de um grande elenco liderado pelo ator Frances Vincent Cassel (que tem casa no Brasil e de tempos em tempos baixa por aqui além de falar fluentemente a nossa língua), que mantém esse tipo de carreira internacional e é filho de um celebre ator da Nouvelle Vague Francesa já falecido Jean Pierre Cassel.
O resumo da história tenta ser o mais simples e singelo possível, num tom de fantasia e alegoria, descrevendo a história como a de uma família os Knieps, uma família australiana dona de circos. Assim vão se desenrolando os fatos e romances, onde eu destaco dois momentos marcantes, um deles é a presença do nordestino Jesuita Barbosa, que faz o talentoso faz-tudo no circo (ele teve sucesso já em filmes como Tatuagem, Praia do Futuro, Malasartes e o Duelo com a Morte). Minha sequência favorita é, porém, ao final, um belo e encantador momento de dança e sonho, que será, sem dúvida, antológico. Será que o filme terá chance de concorrer ao Oscar? Difícil de dizer, ainda com o crescente número de representantes e o muito promovido mexicano Roma.