Premiado no Festival de Gramado como melhor ator (Osmar Prado) e melhor coadjuvante (Ricardo Gelli). Na verdade, merecia outros prêmios tais como Sandra Corvelone (que faz a mãe de Eder) e sem dúvida Daniel de Oliveira, em excelente criação como o lutador Eder. O premiado Gelli faz o irmão malandro e bêbado, mas era praticamente desconhecido (tendo feito 10 filmes desconhecidos, ou quase). Realmente se sai muito bem e sua carreira deve crescer.
Mas o filme tem uma outra história que preciso contar. Há mais ou menos dez anos, eu fui chamado por um rapaz que desconhecia chamado Thomas Stavros, que me convidou para um bar onde ele queria falar sobre um projeto. Seu sonho maior era um dia fazer no cinema a vida de Eder Jofre, mas não sabia como começar. Bom, conversa vai, conversa vem, fiz algumas sugestões, inclusive de ir para o Rio de Janeiro e tivemos mais um outro encontro acho que em meu apartamento, onde ele já contava das suas experiências quando tentava convencer os produtores a realizarem o filme. Passam-se mais uns dez anos e eu esbarro no salão do hotel em Gramado com uma pessoa bem mais gordinha e sempre simpático e que agora me conta que seu sonho realizou. Sim, Thomas assina como co-produtor, não conseguiu fazer o protagonista e naturalmente engordou um pouco. Mas o sonho deu certo e, de uma certa maneira, ajudei ainda que modestamente a ele realizar seu sonho. E ainda por cima, graças a toda equipe um trabalho de qualidade (digo isso de verdade, porque gosto muito do filme mesmo) onde mais uma vez o Alvarenga confirma que é um ótimo diretor, mas talvez modesto demais, já fez tantos filmes que não foram devidamente consagrados, acho que também mea culpa para mim, e justamente por ser tão discreto e modesto. Ainda assim, é uma história que eu queria compartilhar com os leitores, demonstrando que sonhos podem se tornar realidade. E também por isso nunca nego em tentar ajudar. Ainda que reclame do júri que o filme merecia mais ainda.
Ah, outro detalhe. O premiado como melhor ator foi o excepcional Osmar Prado, e olha outra coincidência quem estava na versão da novela no SBT de Éramos Seis , que eu reescrevi, era o Osmar onde fazia o homem do interior marido da noiva. Uma pessoa super discreta, mas um grande profissional. E de repente na platéia de Gramado quando ele é aclamado tivemos a oportunidade de nos abraçar e refazer amizade! Fica outro registro de como nesse filme que indico agora tudo é da melhor qualidade, a direção, a iluminação, os coadjuvantes e certamente todo o elenco central, além de fazer justiça também ao nosso maior boxeador de toda a história brasileira (grande interpretação de Daniel!). Não apenas o Eder, mas seu incrível pai (a quem Osmar faz jus). Vejam o filme que recomendo de coração aberto!