Crítica sobre o filme "Banquete, O":

Rubens Ewald Filho
Banquete, O Por Rubens Ewald Filho
| Data: 13/09/2018

Este foi o filme mais polêmico do recente Festival de Gramado, quando a diretora/autora Daniela Thomas resolveu tirar o filme de competição em cima da hora, porque achou que seria uma atitude errada apresentar uma história onde se brincava com um dos personagens, justamente o diretor presidente do grupo Folha e o jornal Folha de São Paulo. Infelizmente ele, Otávio Frias Filho, faleceu de câncer aos 61 anos, e Daniela resolveu cancelar a exibição do filme naquele momento, já que poderia ser mal compreendido (o distribuidor do filme Jean Thomas também concordou com isso e o filme foi adiado para estrear alguns dias depois no Reserva Cultural). Isso ficou mais curioso porque quando fez o filme anterior, Daniela Thomas, que costuma ser uma pessoa muito educada e gentil, além de brilhante artista, teve problemas com a imprensa de Brasília que rejeitou o filme dela Vazante.

Como um dos curadores do Festival confesso que levei em conta sempre a interessante carreira da artista e não percebi num primeiro momento a sátira com o jornalista. Talvez porque a história do filme seja toda fixada numa única casa, digo, mansão, bem carioca (alguns dos atores do filme são marcadamente do Rio de Janeiro). E o filme de certa maneira lembra bastante uma situação semelhante que foi bem de público recentemente no Brasil, no caso, da inglesa A Festa (com Kristin Scott Thomas, 17). Ou seja, é basicamente um jantar chique e variado, com os convidados implicando uns com os outros, bebendo muito e levando a roupa suja. Bastante sofisticado e muito carioca. Poderia ter sido exibido sem problemas caso não tivesse ouvido a trágica coincidência. Na verdade, eu também fui contra sua exibição, em data tão fatal. Certas coisas nem em filme a gente pode se aproveitar.