Crítica sobre o filme "Nico, 1988":

Rubens Ewald Filho
Nico, 1988 Por Rubens Ewald Filho
| Data: 30/08/2018

Duvido muito que haja grande público no Brasil para este documentário extremamente europeu, melhor dizendo ainda francês, que relembra uma modelo e cantora de voz pequena e vida curta, que teve morte trágica e já por causa disso se tornou uma figura lendária. Seu nome era Nicol, e nasceu em Cologne, Alemanha em 1938. Logo entrou para a célebre turma de Andy Warhol (lembrado este sim como artista plástico, diretor de filmes ousados e curiosos, de temática gay que marcariam época até hoje). Ela foi também membro do grupo chamado The Velvet Underground, uma banda de rock experimental (com John Cale) desde 1967 e com eles fez vários álbuns de rock. Foi também viciada em heroína e custou a se livrar do vicio.

Mas soube aproveitar a vida apesar do final trágico e absurdo. Em 18 de julho de 1988, quando andava de bicicleta em Ibiza, na Espanha, teve um pequeno enfarte que a fez perder o controle provocando colapso e queda da bicicleta, batendo com a cabeça no chão. Tinha 49 anos de vida. E não foi a toa que sua imagem permaneceu (a voz monótona, a maquiagem excessiva que lhe deram a imagem posterior chamada de “Nico saída do túmulo”). Teve também uma vida movimentada, tendo um filho chamado Christian Paffgen, com o ator Alain Delon com quem teve um caso em 1962. Quem a apelidou de Nico foi o fotógrafo Herbert Tobias, em homenagem ao namorado Nikos Papataks. Além disso, estudou arte dramática no famoso Actor´s Studio de Lee Strasberg em 1960, na mesma turma que Marilyn Monroe. Foi modelo de Coco Chanel. Usava roupas negras e andava de moto. Foi Jim Morrison que a incentivou a fazer as próprias letras das canções tiradas de seus pesadelos. E fazia isso, cercada de velas num banheiro escuro. Dizia ter sido influenciada por Rainer Maria Rilke e Sylvia Plath. Teve longo romance (dez anos) com o diretor de cinema Philippe Garrel. Frase famosa dela: “Eu sou uma nihilista, por isso eu gosto de destruição. Para mim é a forma adequada religião desde que eu comecei a pensar”. Quem gosta do tema e do tipo de música, vai curtir muito o filme.