Crítica sobre o filme "Escobar: A Traição":

Rubens Ewald Filho
Escobar: A Traição Por Rubens Ewald Filho
| Data: 30/08/2018

Estava previsto para estrear no Brasil em dezembro do ano passado esta versão espanhola da Saga do traficante colombiano, mas preferiram aproveitá-lo como filme de abertura de festivais importantes como o de San Sebastian (Espanha), Veneza, Toronto. Até porque é estrelado por um famoso casal, não apenas ambos vencedores do Oscar, mas como também casados na vida real. A reação da imprensa não foi muito positiva, curiosamente Penelope já tinha contracenado noutro filme com o personagem (que foi Blow, 21,como mulher de outro traficante feito por Johnny Depp).Embora o casal chegasse a ser indicado ao prêmio espanhol mais importante que é o Goya. O ator foi votado como preferido do público no prêmio Platinum. Para quem assistiu as séries de TV dos nossos brasileiros e Escobar Paraíso Proibido, me parece “já visto”.

A sinopse oficial fala de Virginia Vallejo, uma famosa jornalista de TV que é convidada para uma festa chique no rancho de Pablo, o homem mais rico da Colômbia. Os dois começam uma paixão apesar de saber que ele era um homem de família casado com Maria Victoria. Ele se torna famoso na década de oitenta, Pablo foi se tornando mais popular inclusive porque tentava ajudar a pobreza de Medellin (capital da Colômbia), abrindo uma carreira no Congresso do país, conseguindo criar um império do crime e espalhando sua droga nos EUA (o filme de Tom Cruise Feito na America também abordava parte desse assunto). O agente americano Shepard chama Virgínia para ajudar o presidente Belizário Betancur a acabar com ele. Um detalhe importante: o filme foi dirigido por Aranoa (de Madrid, 1968) que fez com Bardem o premiado Segunda feira ao Sol (02), o divertido Um Dia Perfeito (15), ou seja, tem uma grande reputação desde a estreia que foi em Segredos em Família, 96. Só acho estranha a escolha do título, sendo Escobar a Traição o nacional e o internacional o mais romântico e diria atraente, Loving Escobar!

Fora isso a primeira coisa que me fez estranhar é a maquiagem que colocaram na barriga de Javier que da a impressão de que ele esta grávido! Mas não demorou muito para perceber que na verdade Escobar/Javier é a figura secundaria, ele se deixou enfiar, engordar, não lhe deram grandes discursos ou sequer uma caricatura. Somente na parte final lhe deixam um pouco grotesco! Logo se percebe que a estrela é mesmo Penelope, ou seja, Virginia, que tem as melhores frases, está coberta de jóias, de vestidos bem menos cafonas e bregas do que a verdadeira estava usando. O filme desde que engata é uma sucessão de cenas curtas e a aparências sem carisma do herói. Por outro lado, os americanos que desejam derrubá-lo tampouco sabem se sobressair ou convencer. Retorna tudo para a mulher fatal que como diz o titulo nacional, fará valer sua força... amores a parte. Alguém ainda tem dúvida que o filme é dela? E é justamente o que melhor acontece. Pode-se dizer que a esposa rouba o filme do próprio marido!