Crítica sobre o filme "Mamma Mia! Lá Vamos Nós de Novo":

Rubens Ewald Filho
Mamma Mia! Lá Vamos Nós de Novo Por Rubens Ewald Filho
| Data: 02/08/2018

Foi Tom Hanks e sua mulher quem produziram esta decepcionante continuação do delicioso filme musical anterior (dirigido antes por uma mulher, Phyllida Lloyd em 2008, no que era basicamente uma adaptação quase literal da peça musical que saudava a trilha musical do famoso grupo ABBA). Isso parece agora muito prejudicado pela direção banal de um tal de Ol Parker, que escreveu antes O Exótico Hotel Marigold (11) e dirigiu Imagine Eu e Você (05) e Agora é Para Sempre (12). Não foi muito bem de bilheteria em sua estreia americana (65 milhões nos primeiros dias da estréia pouco para um orçamento de 75 milhões. Mas somando ao mercado internacional chegarão a cobrir esse numero - e ainda tem o resto do verão inteiro para deixá-lo em cartaz).

Aparentemente o problema é porque a historia é confusa cheia de altos e baixos, que não são descritos ou explicados com maior clareza. Fica mesmo difícil entender e chega a ser frustrante ver o que aconteceu com Meryl Streep, que custa demais a aparecer porque a narrativa está em cima da sua filha do filme anterior, a ainda interessante Amanda Seyfried como Sophie (meio afastada do cinema porque casou e teve filho). O espectador fica meio perdido nas tramas paralelas de Amanda quando aparecem personagens antes e depois feitos por atores diferentes (um exemplo, o três namorados da mãe, ou seja Meryl , são vividos pelos mesmos que foram Colin Firth, Pierce Brosnan e Stella Skasgaard, só que por três rapazes jovens o que viria então a explicar que a heroína, ou seja, a Meryl ) é vivida por uma outra mocinha muito jovem que irá transar com os três jovens e ficará grávida de um deles! O que poderia ser divertido noutro filme aqui fica meio esquisito, apesar do grande esforço e graça da charmosa Lily James (que faz a Donna ou seja Meryl! - jovem). E na verdade a grande figura feminina do filme vem a ser Lily que é atualmente a mais encantadora garota de sua geração conforme foi demonstrado em filmes como Cinderella (15), Em Ritmo de Fuga (17), e ainda o drama histórico sobre Winston Churchill chamado O Destino de uma Nação (18).

Para ajustar o quebra-cabeça vai ficando cada vez pior até porque a maior parte das canções são muitas e dispensáveis, apresentando o que havia de mais fraco na discografia dos autores ABBA. Miraculosamente no terço final, o filme se torna mais leve e volta a apresentar as canções realmente famosas e queridas do filme anterior (e também show) com o devido reforço dos ausentes até então do filme, mais em particular a bem vinda entrada de Cher, 72 anos, que ainda tem boa voz e carisma único (é o grande achado do filme e a razão de assisti-lo!). Uma pena que os coadjuvantes sejam desperdiçados e Meryl surja ao final com duas canções, mas sem o brilho do filme anterior (espera-se ao menos que tenha sido recompensada com um bom salário!).

Eu recordo que junto com o meu amigo Claudio Ehrlichman, algum tempo atrás, até anos, nós produzimos um show no Teatro Folha, onde convidamos fãs do gênero musical a cantar juntos, sing-a-long com a A Noviça Rebelde e também principalmente os clipes do ABBA. Não foi grande sucesso, mas tentamos com um tipo de programa inédito na época. O que ao menos demonstra o poder da música do ABBA como neste novo filme.