Crítica sobre o filme "Promessa ao Amanhecer":

Rubens Ewald Filho
Promessa ao Amanhecer Por Rubens Ewald Filho
| Data: 25/07/2018

Foi indicada a 4 Césars (atriz Charlotte, roteiro, figurino e design ) e um Lumiére (Charlotte) esta biografia de um famoso escritor e ocasional diretor de cinema e que passou para a história por ter sido o marido da estrela internacional a bela Jean Seberg (1938-79, de Acossado, que diante de depressão se matou e foi encontrada morta dentro de carro em Paris). Romain Gary (1914-80) foi um romancista francês de origem russa, nascido em Vilna, São Petersburgo como Romain Kacew e filho presumível do ator Ivan Mosjoukine. Diplomata na França (sua autobiografia Promessa ao Amanhecer que é a mesma história foi refilmada aqui, feita antes por Jules Dassin e sua mulher Melina Mercouri). Mas também insistiu em virar diretor, talvez para impressionar Seberg com dois filmes fracos: Desejo Insaciável (Les Oiseaux Vont Mourir au Pérou, 1967, com Jean Seberg, Maurice Ronet) e Kill (Idem, 1972, com Jean Seberg, Stephen Boyd). Depois do suicídio de Seberg em 1979, a depressão acabou por levá-lo a fim idêntico.

Um homem muito sofisticado e inteligente, escreveu vários romances depois filmados e durante muitos anos foi Diplomata sediado em Los Angeles. Entre seus livros feitos para o cinema estão: Raízes do Céu (Roots of Heaven, 58, dirigido por John Huston com Erroll Flynn e Juliette Greco), Quando a Esposa Peca (59, do livro The Colors of the Day, no cinema dirigido por Nunnally Johnson, com Leslie Caron, e Henry Fonda, com o título The Man Who Understood Women). Em 1962 foi co-roteirista de O Mais Longo dos Dias (The Longest Day, 62), Lady L (Idem, 1965, com Paul Newman e Sophia Loren, dirigido por Peter Ustinov), Desejo Insaciável (68, vide acima), Promessa ao Amanhecer (70, de Jules Dassin), The Ski Burn (1971, de Bruce D. Clark com Charlotte Rampling), Madame Rosa A Vida à sua Frente de Moshe Mizrahi (1977, que ele escreveu com o pseudônimo de Emile Ajar e foi grande sucesso premiado com Simone Signoret), Um Homem, Uma Mulher, Uma Noite (Clair de Femme, 1979, dirigido por Costa-Gavras grande êxito no Rio de Janeiro), Gros Cálin (que assinou como Emile Ajar. Jean Carmet, Martha Villalonga, 1979), Sedução do Destino ou Armadilhas da Sedução (Say Nothing, 1981, de Allan Moyle, com Natassia Kinski, Hart Botchner), Cão Branco (White Dog, 1982, direção de Samuel Fuller, com Kristy McNichol),  Les Cerfs-Volants (1984, série de TV), Genghis Cohn (1984, baseado no livro The Dance of Genghis Cohn, com Anthony Sher, Robert Lindsay),  Les Faussaires (1984, do Livro La Tetê Coupable, com Gerard Jugnot, Jean Marc Bar).

Tenho problemas (ainda que pessoais) com a dupla central do filme, que é formada por um casal que não se destaca pela beleza ou simpatia, mas que tem bastante habilidade como intérpretes. Quem sabe isso já é suficiente para vocês, mas eu sou de um tempo aonde mulheres belas e homens altivos ajudavam a construir um filme considerado obra prima, ainda mais uma biografia que já havia sido feita antes (vide acima) com o mesmo nome. E que não retrata a vida inteira do autor /escritor célebre, mas fala de sua infância na Polônia, sua juventude na Côte D´Azur, assim como suas inúmeras desilusões e sofrimentos, por causa de uma mãe obsessiva e autoritária. Não temos também muita referência do diretor Barbier que fez antes os poucos vistos Le Brasier, 91, Toreros, 2000, A Marca da Serpente, 2006 e em 2014, O Último Diamante, com Yvan Attal. Ou seja, nada de importante.

Falado em várias línguas, começando pelo polonês, o filme passa para o francês quando o herói e futuro escritor (feito por Pierre Niney, um tipo bizarro que ficou famoso por sua participação em Frantz, Yves Saint Laurent). E suas aventuras se tornam mais interessantes. Torna-se aviador na Força Aerea Francesa durante a Segunda Guerra Mundial sempre pressionado por sua irritante mãe. Escrever se torna então sua saída (mas recusam a ele o lugar de Tenente porque ele é judeu!), mas o filme é repleto de viagens turísticas, basicamente deveria se chamar Mamãe e Eu!