De vez em quando um diretor conhecido não consegue financiamento para um Projeto grande e acaba inventando uma saída, como neste caso, realizando um filme de baixo orçamento com a ajuda de seu grupo de amigos, que por sua vez são famosos e super competentes. Este é o caso da inglesa Sally Potter (que tem uma carreira bem interessante, incluindo Uma lição de Tango (97), o ótimo Orlando a Mulher Imortal, Por que Cchoram os Homens e Yes). Ela não filmava desde 2012 com o pouco visto Ginger & Rosa. Então escreveu este roteiro que se passa praticamente num único cenário (set) com sala e momentos no exterior (mas também estúdio). Uma brincadeira intelectual /teatral, mas que é ajudada pelo elenco que já elogiei.
Sinopse: “Tudo começa quando se vai celebrar um lugar de prestígio no Ministro da Saudade, que agora será ocupado pela política da Oposição, Janet (a sempre excelente Kristin). Resolve então fazer um jantar festivo para seus amigos no apartamento em Londres. Foram convidados amigos num grupo seleto menos o Bill (Spall), que é o marido mal sucedido dela, um acadêmico. Os outros são os mais diversos. April, a melhor amiga norte-americana que nem por isso deixa de ser cínica, o marido diferente, um alemão chamado Gottfried. Há também Jinny e Martha e finalmente Tom, o banqueiro sempre de terno impecável . Mas mesmo antes que se sirva o jantar começam a suceder as surpresas disputando segredos tornando tudo aquilo uma zona de guerra. Sem duvida depois desta noite, as coisas nunca mais serão as mesmas”.
O filme foi rodado num estúdio em West Londres durante duas semanas em sequência. Marcou o retorno do ator Spall depois de ter conseguido vencer o câncer. Todos os atores ganharam o mesmo salário e usaram isso para defender e promover que todas as mulheres recebem a mesma quantia em toda a indústria de cinema. Participou do Festival de Berlim onde ganhou o prêmio Guild Film Prize. E foi rodado em preto e branco. De qualquer forma trata-se de um teatro filmado e foi mal nos cinemas americanos, o que é fácil de entender. É preciso saber curtir o impecável elenco, embora talvez faça falta uma conclusão mais marcante (que no fundo é um vicio comum em teatro). Mas é muito visível que há uma sutil, mas clara critica a sociedade e política britânica cheia de truques, mentiras e traições. Quem gosta do gênero deve experimentar.