Este filme foi vencedor do Festival de Veneza como melhor atriz, Roberto de Pietro como melhor técnico e melhor fotografia para Chayse Irving no Festival de Chicago. O diretor jovem Pallaoro que é italiano do Trento, 1982, que em 2013 fez o raro Medeas (com Catalina Sandina Montero, Bryan O Byrne). Depois deste Hannah, ele estaria fazendo outro filme chamado Monica, sem referências.
O resumo oficial do filme é o seguinte: Hannah (Charlotte Rampling) é uma mulher de terceira idade que vive na Bélgica, se divide entre as aulas de teatro, a natação e o trabalho como empregada doméstica. Quando o marido vai preso, ela não tem alternativa a não ser a solidão e tenta refazer laços perdidos com descendentes, mas há um segredo na família que dificulta seu relacionamento com terceiros.
Achei muito adequada uma crítica europeia que descreve o filme como um exercício em “slow cinema” (cinema lento) enquanto o diretor o chama de “giallo - trama policial - existencial”. Acho que isso já deixa o espectador com o pé atrás. Eu pessoalmente tenho muita dificuldade em apreciar um filme devagar demais por mais que descreva conflitos humanos e sinceros, principalmente de personagens de mais de meia idade, já a pura velhice, portanto um assunto amargo e triste, que certamente pode nos comover. Ainda mais por causa da presença da britânica Charlotte Rampling (nascida em 1946, nascida em Essex) que teve uma longa carreira como jovem, depois se casou com músico francês (Jean Michel Jarre, até 96) e por saber falar francês, tem feito uma notável carreira em todos os gêneros e personagens (desde o recente 45 Anos, A Piscina, Operação Red Sparrow e Assassin´s Creed num total de 127 créditos). Já a entrevistei por três vezes, é sempre uma presença discreta, sempre tensa, mas sem dúvida é uma das melhores atrizes de sua geração o que mais que justifica este filme. Ainda mais num filme que não tem medo de refletir as dificuldades da velhice, no que alguém chamou de “como um animal desesperado pela dor!” (os europeus usam um adjetivo de que não sou muito familiar, mas vale registrar aqui, a chamada “miserabilidade”, a pobreza vivida por personagens em geral femininos em trabalhos de Antonioni, Bresson e os Irmãos Dardenn, Kaurismaki, Michael Haneke). Ou seja, é um formalismo, que foge da invenção ou humor. E por isso mesmo difícil de ser consumido pelo espectador comum. Não vou mais adiante.