Crítica sobre o filme "Chappaquiddick":

Rubens Ewald Filho
Chappaquiddick Por Rubens Ewald Filho
| Data: 02/07/2018

Chappaquiddick é o esquisito nome de uma ilha de Massachusetts em 1969 onde ocorreu o dito ”acidente” com Ted Kennedy que matou sua companheira de carro e colega estrategista de campanha Mary Jo Kopechne. É também um dos casos mais absurdos dos muitos que sucederam para a família Kennedy, apenas um ano apenas depois da morte por atentado do irmão mais velho Robert Kennedy e outros tantos desde a morte do presidente John Kennedy.

Não sei dizer se o filme ira passar comercialmente no Brasil, não encontrei referências a respeito, talvez porque certamente há um número muito pequeno de pessoas que ainda se lembram do caso trágico mas também patético, que viria a acabar com os sonhos de Ted Kennedy que seria o herdeiro da polêmica e até certo ponto ilustre família. Mas era muito jovem quando fiquei sabendo do caso e da situação embaraçoso para todos da família e justamente por isso demorou tanto tempo para fazerem um filme biográfico (o pseudo acidente aconteceu em 18 de julho de 1969), tanto que teve um bom orçamento (34 milhões de dólares), mas uma renda pequena (a última que encontrei fala em 17 milhões). Até porque para os próprios norte-americanos é uma historia misteriosa, cheia de complicações (a maior delas todas é a seguinte, nunca se soube e não se mostra aqui como Ted Kennedy conseguiu escapar do carro que saiu da ponte e foi cair no riacho. Nem os investigadores, nem Ted, deram até hoje qualquer explicação (e aqui no filme isso também não apareceu apenas uma ceninha onde ele toma banho e tem uns flashs da moça tentando sair do carro que vai se enchendo de água, no papel está a conhecida Kate Mara, que é mais lembrada pela irmã mais bonita chamada Rooney Mara). Rodado no estado de Massachusetts, em Ipswich e Rockport.

É sem dúvida uma história intrigante que opta por uma fotografia que faz lembrar a época e as cores usadas pelas câmeras de cinema de então, com certo esforço em usar pessoas reais que viveram o evento. Mas muita coisa fundamental é deixada de lado (por exemplo, no “cottage” junto com Ted, haviam pelo menos três outros amigos deles não mencionados aqui). Embora os eventos tenham sucedido em pleno verão, a paisagem é amarelada, já no outono. O fato é que muita coisa não fica revelada e isso incomoda o espectador atual. Ainda que o diretor e equipe afirmem que estejam revelando o alcance que tinha qualquer governo para esconder os fatos e julgar o que lhes interessa talvez o que fique mais claro é a incompetência e fraqueza deste Kennedy - que era alcoólatra! E que chegou a dizer que a moça que estava dirigindo, mas tampouco ela nunca teve uma autópsia (e ainda assim conseguiu ser eleito como deputado). Ou seja, tudo foi manipulado pela família e o partido, que muito provavelmente também calaram a boca de outra família, a da moça afogada. Considero um erro grave colocar o ator australiano Jason no papel principal, já que mal se parece com o Kennedy (Jason fotografa bem gordo e de qualquer jeito não tem a fotogenia e presença de Edward, que assim fica por demais passivo). Também seria discutível o trabalho e escolha do diretor Curran que mesmo assim tem uma carreira razoável (fez Tentação/ We Don´t Live Here Anymore, 04 com Laura Dern e Mark Ruffalo, Despertar de uma Paixão, 06, The Painted Veil com Naomi Watts, Edward Norton, o inédito Tracks (13) com Adam Driver). Não o coloca como herói, nem como vilão! Nem por isso porém chega a pintar uma figura humana mais consistente. Ou sequer ficar próxima da verdade! Na verdade, minha cena favorita é no final do filme quando ele mente descaradamente e depois o público continuou apoiando-o e o mito Kennedy (ele ficará eleito por 4 legislaturas, mas não conseguira ser eleito como candidato a presidente). Embora fosse tudo evidente, o povo mais uma vez não acreditou e ficou burro e cego!