Crítica sobre o filme "Amante Duplo, O":

Rubens Ewald Filho
Amante Duplo, O Por Rubens Ewald Filho
| Data: 19/06/2018

É sempre interessante assistir os filmes do francês Ozon, um dos mais interessantes realizadores já há mais de uma década, sempre pessoais, diferentes, audaciosos e femininos (aqui por exemplo começa o filme sem trilha musical mostrando a heroína cortando a franja de seus cabelo longo e desde então tudo o que ela diz será muito sussurrado e diferente). Trata-se de Chloé, a atriz Marie é a mesma que fez o papel central de outro filme dele, Jovem e Bela, 13. A personagem de 25 anos foi modelo e agora ajuda em exposições de arte, que sofre de dores abdominais severas e persistentes talvez causado por algo psicossomático (outra ousadia há um close máximo do órgão sexual feminino vaginal que se transforma em olho e que irá retornar!). Ela procura ajuda com um terapeuta ainda jovem, o Dr. Paul Meyer (o loiro e frequente Jeremie Rennier, de longa carreira). As conversas começam bem, mas logo ele pede para terminar as sessões porque sente-se atraído por ela, no que é também compartilhado. Os dois se envolvem e vão morar juntos num apartamento com vista e um gato chamado Milo. O sexo vai bem, mas ela começa a desconfiar de que há algo de secreto e misterioso no passado do namorado. Seguem-se alucinações e delírios de sonho... E constante passeios pelas galerias de arte.

Divulgado como um thriller “psicosexual”, o filme foi descrito como “influenciado pela obra de Georges Bataille” e por causa disso muito francês (que me parecem são os únicos ainda a fazerem filmes deste tema e estilo e provocação. Incluindo por volta de uma hora e 8 minutos, uma cena de sexo com o rapaz passivo). Tudo ia relativamente bem até quando aparece outro psicanalista que é duplo de Paul e que afirma ser seu irmão gêmeo, que acha que pode curar Chloe nem que seja através do sexo. Os críticos americanos fizeram a festa porque isso tudo serve de nanálise para as influências do filme, que incluem Gêmeos Mórbida Semelhança (Dead Ringers, 88 de Cronenberg), O Inquilino (The Tenant de Polanski, 76), Irmãs Diabólicas (Sisters de Brian de Palma, 72). Mas por outro lado talvez também não estejam copiando nada e a trama pode ser completamente outra do que você ficou pensando (incluindo já mais perto do final quando entra em cena a sempre querida Jacqueline Bisset). Não vou revelar mais nada, é um filme bem francês, bem erótico, bem interessante.