Crítica sobre o filme "Vingança":

Rubens Ewald Filho
Vingança Por Rubens Ewald Filho
| Data: 06/06/2018

É difícil avaliar um filme tão violento e sangrento quanto este que chegou a ser considerado filme de terror, mas curiosamente se enquadra na atual luta pelos direitos das mulheres, principalmente porque foi dirigido por uma mulher Coralie (que ainda por cima é estreante em longa-metragem, tendo feito antes apenas dois curtas e uma minissérie chamada Les Fées Cloches, duas experiências como assistente, e além de tudo é uma bela figura). Difícil encontrar um filme tão forte como este, com apenas três atores e um figurante, passado inteiramente numa mansão no deserto, que as câmeras modernas conseguem transformar numa eletrizante e assustadora história de estupro e crueldade, e onde quem aparece mais sem roupa, nudez total, é justamente não a heroína, mas Richard o bonitão mas cruel e frio galã (um certo Kevin Janssens, Belga, 1979, que tem mais de 30 experiências principalmente em séries de televisão). A jovem heroína que se chama Jen é interpretada por uma jovem italiana (milanesa) de nome comprido Matilda Anna Ingrid Lutz, que fez Sobre Viagens e Amores, O Chamado 3 e a série Medici: Masters of Florence.

Na história, ela é uma loira bonita e de corpo perfeito, que parece pouco inteligente, quando vai passar uns dias na mansão no Marrocos de seu namorado (o desenho de produção exemplar é de Pierre Queffelean) que é casado (ficamos sabendo disso porque ele fala com a esposa com frequência). Tudo corre muito bem até quando aparecem dois homens maduros e ricos, Stan e Dimitri, parceiros de caçada de Richard. Cria-se o clima de perigo e o estupro parece inevitável. E aí que realmente começa a trama, quando ela se assusta tenta fugir, mas Richard é de uma brutal violência e a joga num abismo. Sempre com excelente fotografia do fotógrafo Robrecht Heyvaert.

Talvez aí nesse momento do filme é que se encontra o ponto fraco da trama já que obviamente os espectadores devem estar torcendo pela heroína. O que fica difícil aceitar é que ela miraculosamente consegue escapar e consegue se armar para a vingança, no que virá a ser um enorme banho de sangue. São sequências bastante longas, que irão culminar numa grande e ainda mais terrível caçada. E mais não digo para não estragar o impacto. Mas no exterior foi considerado tão sanguinolento quanto os filmes de Dario Argento ou John Carpenter.

Já que a moral do filme é duvidosa, mas de grande impacto, o fato é Vingança fez uma boa carreira em toda parte, até no Festival de Sundance, em sessões de meia-noite em Toronto e assim por diante. Mas não chegou a ser sucesso nas salas americanas. Mas assusta, prende a atenção e pode gerar boas discussões e polêmicas. Até porque finalmente de forma duvidosa ou não uma mulher enfrenta inteiramente os estupradores.