Crítica sobre o filme "Tully":

Rubens Ewald Filho
Tully Por Rubens Ewald Filho
| Data: 24/05/2018

A roteirista Diablo Cody ganhou um Oscar na sua estréia com Juno, 08, mas não deu certos em outros projetos tais como Jovens Adultos, 11, Garota Infernal, 09, Paraíso em Busca da Felicidade, 13, que também escreveu e dirigiu. O diretor canadense Reitman é filho do conhecido cineasta Ivan Reitman e ficou famoso por Juno, Amor sem Escalas, 09, Obrigado por Fumar, 05, Homem Mulheres e Filhos, 14 (grande fracasso), Refém da Paixão (Labor Day com Kate Winslet, outro fracasso), e Jovens Adultos, mencionado em cima que fez também com Charlize! Foi produtor de Whiplash, Jeff e as Armações do Destino, Como Ganhar seu Coração, O Preço da Traição.

Nunca gostei da roteirista chamada Diablo, mesmo quando a oportunidade lhe é dada pelo ainda jovem diretor e produtor Jason Reitman. Ele ao menos tem bom gosto na encenação e certas pretensões românticas. Mesmo assim este filme foi uma enorme decepção nos Estados Unidos (onde não chegou sequer a alcançar 4 milhões de dólares de renda) e teve problemas com certos grupos que o acusaram de tratar levianamente o postnatal (ou Postpartum), a depressão e outros doenças mentais. Acharam que o assunto foi tratado levianamente, que as situações nunca são especificadas, nem bem discutidas no filme. Houve também os que defenderam o filme lembrando que a depressão post parto é frequentemente subestimada e que o filme dá uma boa ajuda provocando debates sobre o problema.

As duas questões são questionáveis porque a realização do filme parte de um roteiro complexo e mal explicado, que parece ser uma coisa e de repente vira outra, confundindo o espectador. É um trabalho muito esforçado da premiada com o Oscar Charlize Theron, se deixou engordar com mais de vinte quilos (o busto ficou enorme, quando gorda não tem como esconder a barriga e as pernas, ou a barriga deformada). Um esforço muito grande dela também numa interpretação discreta e emocional da atriz que no final das contas faz com que tenhamos uma impressão errônea.

Na história, Charlize faz Margo, que tem dois filhos (o menino em problemas emocionais, nunca bem resolvidos pelos professores ou médicos) e está para ganhar um novo bebê. O marido não é mal sujeito, mas não ganha muito e está mais interessado em videogames que no casamento ou mesmo as crianças. Tem um irmão mais velho que procura ajudá-la, mas em geral da maneira errada. É ele que sugere que tenha uma ajudante noturna (ele pagaria por ela, o que fica confuso no filme!) feita por uma certa canadense Mackenzie Davis, que esteve em Blade Runner 2049, Perdido em Marte, até no primeiro Black Mirror de 2016. Mas não me deixou nada memorável.

Na história, essa moça chamada Tully (ela que tem o nome título do filme, quando suponho que deveria ser o oposto com a protagonista !) se da super bem com a patroa, com quem ajuda a ponto de fazer o marido ter uma relação sexual com ela (o que também é mal explicado e resolvido). Fica ainda mais esquisito quando Margo resolve ir à cidade meio distante, se divertir um pouco com Tully, mesmo deixando o bebê sem cuidados! É um delírio muito discutível que vai desembocar numa resolução ainda menos aceitável. Uma pena porque na primeira metade o filme parecia interessante, mas vai escorregando e derrapa na parte final. Dá para entender porque foi tão rejeitado.