Indicado para o Oscar de filme estrangeiro mas não selecionado, exibido no chamado Panorama do Festival de Berlim. Vencedor de alguns prêmios locais, este é um filme muito especial que se classifica como comédia dramática embora fosse mais realista caso se apresentasse de tragédia com pequenos momentos de humor. Tragicomédia. Tem um outro problema para o meu gosto, já que é lento e até arrastado por vezes. Mas conta uma história bonita, que vai atingir o público mais adulto e tem uma sequência final comovente sem cair no melodrama. Tanto que o filme todo acabou me conquistando.
Eis a sinopse oficial. Jelena já viveu o suficiente. Seu marido morreu há um ano, ela se sente cansada e solitária apesar de suas duas filhas e sua sogra, todas vivendo em seu apartamento. Ela decidiu que, no final da semana, no aniversário da morte do marido, ela se suicidará. Ela tem uma pistola pronta. Mas, há uma série de coisas para resolver: ela precisa devolver uma poltrona que pegou emprestada com um vizinho, colocar sua fotografia na lápide e renovar seu cartão de seguro de saúde. Que a burocracia eterna do governo não quer colaborar. Aos poucos, essa mulher tranquila e humilde começa a perceber que nada é simples em um país que está constantemente caminhando entre o tormento e a transição. Resta então levar seu plano de suicídio adiante. Ou não?
Basicamente esse é o filme, emoldurado para uma atriz desconhecida aqui, mas que dizem ser um ícone nos Balcãs, Mirjana Karanovic (que faz tudo discretamente, basicamente com os olhos e por vezes parece uma Anna Magnani interiorizada). Não há gritarias, ou excesso de drama como sucederia num filme mais latino ou mesmo brasileiro. Imagino o exagero que poderíamos cair. Mas tudo é muito bem construído, inclusive uma delicada e poética sequência numa praia em que a heroína vê detalhes imaginários de coisas que sucederam. Muito especial, é obrigatório para quem aprecia os filmes estrangeiros de qualidade.