Crítica sobre o filme "Ciganos da Ciambra":

Rubens Ewald Filho
Ciganos da Ciambra Por Rubens Ewald Filho
| Data: 03/05/2018

Este foi o filme italiano indicado para o Oscar de filme estrangeiro ano passado, depois de ter sido exibido na Quinzena dos Realizadores de Cannes e ter acumulado grande número de premiações (Bergen, Prêmio da Europa Cines em Cannes, 2 David de Donatello, montagem e direção, indicação ao americano Independente Spirit, Ghert, Seville, Trieste, Jameson). Na verdade, ressuscita uma velha tradição neo-realista do cinema italiano que é utilizar atores amadores e apresentar uma realidade de alguma comunidade desprezada e interessante. No caso é uma pequena comunidade Romani, na Calábria, onde um garoto de 14 anos, que se chama mesmo Pio Amato, e que aos 14 anos, fuma, bebe, tem boa relação com as outras comunidades, italianos, refugiados africanos. Seu irmão mais velho Cosimo é quem ele acompanha e imita aprendendo como sobreviver nas ruas (curiosamente quem faz o irmão Cosimo é Damiano Amato, irmão gêmeo do outro). O problema maior é quando este é preso e as coisas começam a ficar sérias e ele tem que assumir o lugar dele que o leva a uma grave decisão. Que já começa quando tem que roubar carros, eletricidade, etc e tal.

Embora eu particularmente não goste do estilo preferido do cinema atual, aquela mania de sair perseguindo os personagens com câmera na mão gostei de ver revisitado um gênero tão clássico do cinema italiano, confirmando a velha lição de que os italianos são atores natos. Absolutamente convincentes. Na verdade o mesmo diretor já fez algo parecido com Mediterrânea, 2015, sobre refugiados. Mas há uma geração nova que não chegou a ver os filmes desse gênero. Pensando bem poderia ser mais envolvente e ter aprofundado mais o drama humano do herói e da família. Mas não se tira o mérito e sinceridade.