Só agora com certo atraso consegui assistir este filme que deu a atriz alemã Diane Kruger (1976- ) o prêmio de melhor atriz no ultimo Festival de Cannes. Ela já tem uma carreira longa internacional ao menos desde que foi Helena de Tróia e que é nesse momento, sem dúvida, uma das mulheres mais belas do mundo. E dá um show de interpretação, dramática e trágica e, no entanto contida. Esse mesmo filme levou o Globo de Ouro de filme estrangeiro, mas a Academia como de costume errou quando não o incluiu na lista dos cinco finalistas. Para mim trata-se de um thriller político excepcional que confirma o talento do diretor alemão de origem turca Fatih Akim (1973- ), que conhecemos aqui de poucos trabalhos (lembro-me de Contra a Parede, 04, Do Outro Lado, 07, Soul Kitchen, 09 e o documentário Atravessando A Ponte O Som de Istambul,05). Mas ele merece uma retrospectiva. Fica claro que está no total domínio de seu métier. Tudo muito bem narrado, sabendo utilizar movimentos de câmera e também os atores coadjuvantes (um deles que faz o terrível advogado de defesa dos terroristas que estão sendo julgados é dono de uma figura incrível que o deve levar em breve a produções internacionais, Johannes Krisch).
Sem romancear nada ou facilitar as coisas, Fatih (o roteiro é dele junto com o ator e diretor Hank Bohm) faz a denúncia de um abominável acontecimento que vem se sucedendo na Alemanha, ataques de admiradores de Hitler, neo-nazistas que atacam estrangeiros a esmo. A história começa quando Katia Sekerci (Diane) impetuosamente se casa na cadeia com um turco traficante de drogas. Pouco tempo depois eles têm uma vida mais tranquila, com um menino como filho e um trabalho que parece honesto, quando explodem uma bomba no escritório matando pai e filho (ela viu a moça que deixou uma bicicleta com a bomba!). Naturalmente mergulha numa depressão, quando a família se reúne em torno dela com as habituais exigências (me pareceu um ponto fraco ela morar numa casa moderna e até luxuosa, o que o filme tenta explicar num diálogo não de todo convincente). De qualquer forma, o caso vai ao tribunal e se torna o ponto mais alto do filme, tudo porque o diretor realmente tem a mão para colocar a câmera no lugar certo, na hora exata. E valoriza o show da atriz. Dali em diante, na paisagem grega (o filme é dividido em três partes sendo a ultima O Mar) teremos o desenlace.
Mas não é um filmezinho americano de rotina, muito pelo contrário. A denúncia é forte e necessária, mas flui na hora certa. Por mais trágico que seja, não deixa de ser humano e tocante. Recomendo com entusiasmo.