Crítica sobre o filme "Com Amor, Simon":

Rubens Ewald Filho
Com Amor, Simon Por Rubens Ewald Filho
| Data: 13/04/2018

Na véspera de sua estréia oficial, Com Amor Simon teve uma platéia jovem e participante, que parece ter gostado muito do filme, uma comédia sobre adolescentes que tem sido promovida como o primeiro filme estrelado por um jovem personagem gay que foi produzido por um grande estúdio de Hollywood, no caso numa subsidiaria da Fox. Foi baseado num livro sobre o tema e promovido por gente de cinema (que se deram ao trabalho de comprar ingressos e oferecê-los grátis para estimular os jovens a assisti-lo). A parte triste, porém, é que o filme nos EUA não foi tão bem como se esperava. Rodado em Atlanta, Georgia, na sua segunda semana rendeu até agora não mais de 25 milhões que na fase atual não é pouco, mas também não é muito. Mesmo hoje há um artigo no New York Times de um gay assumido que reclama de que não há gays mulheres na historia e reclama de certos detalhes (tais como o herói ser discreto, não ajudar os outros gays, mas não toca no assunto de que ele tem a sorte de não ter uma família preconceituosa - no caso, os pais são compreensivos e ótimos, mas tem uma participação pequena na história apesar de serem os únicos conhecidos do elenco, Josh Duhamel e Jennifer Garner). Além disso, tem a sorte de não serem vítimas de grupos religiosos ou fanáticos e mesmo a High School é liberal o suficiente para defender o herói, que não tem nada de efeminado ou exagerado (mas tem um outro na escola, negro que apesar de sofrer as perseguições é também aceito desde que seja caricato!). Mesmo a escolha do ator protagonista é cuidadosa, porque nem dançar direito ele sabe (embora faça parte da montagem colegial de Cabaret). O rapaz Nick Robinson (1995- ) fez trabalhos como o último Jurassic World, mas nada de muito sugestivo. Na verdade, sua aparência neutra pode ter ajudado o filme já que a trama mais forte da história é começar com ele já se achando gay, sem grandes explicações a não ser se interessar pelo Harry Potter. Simon já parece bem resolvido, mas tem problemas quando se interessa por uma figura desconhecida que se assina Blue e instantaneamente se apaixona pela misteriosa figura. Mas é desleixado nisso, porque acaba sendo vítima de um colega que faz chantagem com ele, obrigando-o a apresentar uma colega por quem tem atração, participar de festa, fazer declaração de amor numa festa escolar (o que é absolutamente absurdo!) além de ser um autentico “mau caráter”!

Mas como tudo é tratado como comédia, o filme funciona muito melhor do que se podia esperar. Difícil não simpatizar com o infeliz herói. E a grande sacada do roteiro é justamente não deixar o público saber quem é exatamente Blue, oferecendo pelo menos 3 opções! E quando se revela já bem no final a plateia (no caso mais feminina) reage torcendo e feliz. Não vou fazer Spoiler, mas esse jogo ajuda o filme que se esforça em fazer humor (por exemplo com um compreensivo e divertido funcionário da High School - que é Tony Hale, que você vai reconhecer pela aparência).

O diretor Greg Berlanti é conhecido como roteirista e produtor (Flash, Arrow, Supergirl, Titans, Riverdale etc.) principalmente de séries de TV como Dawson´s Creek, Brothers and Sister, Eli Stone, Everwood. Também dirigiu alguns longas, como este que fala de relacionamentos gays O Clube dos Corações Partidos, 2000, além de Juntos pelo Acaso, 2010 com Katherine Heigl e Josh Duhamel.

Talvez ele não tenha feito um filme perfeito para o tema, mas me passou como muito positivo, bem intencionado, por vezes muito engraçado, noutras romântico. Talvez não seja mesmo o trabalho definitivo sobre o tema, mas é um passo a frente e a reação dos jovens parece confirmar isso.