Crítica sobre o filme "Maria Madalena":

Rubens Ewald Filho
Maria Madalena Por Rubens Ewald Filho
| Data: 22/03/2018

Simultaneamente com os EUA, esta é uma co-produção entre Inglaterra e Austrália, rodada basicamente na Itália (em Puglia, na Sicilia, Matera em Basilicata, e Nápoles). O diretor é o australiano Garth Davis foi Indicado ao Emmy com Top of the Lake, com Jane Campion, 13, e fez sucesso com Lion/ Uma Jornada para Casa, 16 (ele declarou que procurou fazer uma “historia bíblica relevante, contemporânea, confiável”). E seu elenco internacional, formado por árabes, franceses e britânicos, é liderado pelos americanos Rooney Mara, tenho que confessar que não aprecio esta milionária que faz o papel título ao lado de Joaquin Phoenix, que interpreta Cristo e é irmão do hoje esquecido River (segundo o IMDB eles iniciaram um romance durante a produção do filme embora já tivessem feitos antes seu melhor momento que foi Ela (Her, 13). O casal também fez outro filme que passou em Sundance, de Gus Van Sant chamado Don´t Worry , He Won´t Get Far on Foot.Foi também o último trabalho do falecido compositor da Islândia Johann Johannsson (1969-18), indicado aos Oscars por Sicário, A Teoria de Tudo. Fez ainda a trilha de Mãe! Os figurinos são da ilustre Jacqueline Curran, sempre celebrada pelos Oscars! Além disso, veja a ironia, o filme foi produzido apesar do tema, pelo hoje marginalizado Harvey Weinstein (por causa dos escândalos outros estúdios assumiram a distribuição e ele não é citado em letreiros!). Por causa disso, o filme estreou antes na Europa do que nos EUA.

De qualquer forma, é bom explicar que não é um nova Paixão de Cristo a la Mel Gibson, tampouco tem a ver com A Ultima tentação de Cristo de Scorsese, mas um filme atrevido e revisionista em muitas situações. Alguns vão aceitar e gostar, outros podem se ofender. Mas é sempre bom lembrar que hoje em dia a figura de Maria Madalena passou a ser cultuada por várias igrejas e religiões, no caso Ortodoxos, Luteranos, Anglicanos . Ou seja, o filme pode causar polêmicas e foi concebido mais como um filme de arte, para um público mais especial. Mas não há dúvida que foi criado com delicadeza, caprichando na fotografia e no que parecem ser boas intenções. Mas não tem pretensões de ser um filme empolgante, mas de questionamento espiritual

Maria Madalena vive com a família de pescadores como uma judia devota até messiânica ajudando nos deveres. Ele se preocupam com o fato de que ela não quer se casar e chegam mesmo a fazer um tipo de exorcismo. Logo sente-se atraída pela presença de Jesus de Nazaré (a interpretação de Phoenix me parece a coisa mais duvidosa do filme) e a lenda de que ela seria uma prostituta é negada num texto nos letreiros finais. Ainda assim tem a presença de Judas Escariote (feito pelo ator franco árabe Tahar Rahim que tem sido o mais elogiado do elenco, enquanto o São Pedro do bom ator Chiwetel Ejiofor é sub utilizado). A intenção parece ser dar ao filme um tom feminista, ainda assim discreto. Mesmo assim mantém um tom pesado, irregular.