É difícil entender porque teve boas críticas este modesto filme independente realizado, que nem cinema brasileiro em seus piores momentos. Difícil entender porque foi indicado ao Globo de Ouro, o ator veterano Willem Dafoe, que os brasileiros gostam muito por causa de suas frequentes aparições fazendo teatro por aqui, por ter aceitado fazer o filme de despedida de Hector Babenco, Meu Amigo Hindu (15) e por uma carreira longa (120 créditos) que parece tê-lo cansado (há momentos no filme onde sua voz some, com problemas evidentes). Mas o mais triste é vê-lo desperdiçado num papel desprezível, de zelador de um prédio popular onde tem que tem tratar os moradores com simpatia e ajudar principalmente na relação com as crianças pequenas (muitos filmes nacionais fizeram coisas parecidas e superiores. Ao menos mais humanas. As crianças aqui são forçadas a chorar, mas tudo é tão falso que tem o resultado oposto). Dafoe é legal mas seu papel pequeno não justifica uma premiação, nem a indicação ao Oscar.
Embora queiram dizer que a história se passa perto da Disney World muito de passagem, é basicamente a exibição de uma garota descartada, cheia de tatuagem que cuida de um casal de crianças (ao menos não tem uso de drogas) seguido de brigas com vizinhas que depois ficam amigas (mais ou menos). E aparece ate um casal que parece ser brasileiro e falam até bem a língua, mas os créditos os apresentam como latinos (?).
O diretor Sean Baker é daqueles jovens pretensiosos que adoram as imagens sujas e a narrativa tosca. Nascido em 1971, é abençoado pelo prêmio Spirit Award, já que levou indicações por Estranha Amizade, 12, que levou o premio Robert Altman, seguido por Take Out, 14, Prince of Broadway, 08, e o único que eu vi chama-se Tangerine (15), sobre travestis e brigas de rua. Era esquisito, mas melhor que este que não se declara a que veio.
Há defensores que acham uma graça mostrar as criancinhas soltas no bairro classe média baixa (o trailer por sinal insiste muito nesse ponto) e certos brasileiros que se identificam com o lugar, o bairro pobre perto da Disney e outros parques, uma situação porque todos nos já passamos de forma semelhante! Saber que há gente pobre por lá não sei se seria satisfação suficiente. De qualquer forma, fizeram um alvoroço para o filme entrar no Oscar e somente Dafoe foi nomeado. Mas o favorito é outro, Sam Rockwell.