Este é o inesperado vencedor da Palma de Ouro em Cannes em 2017, também indicado ao filme estrangeiro, aproveitando a popularidade do diretor sueco Ostlund (1974-), que fez poucas coisas como Força Maior (Turist, 14), indicado ao Bafta e premiado em Cannes no Um Certain Regard, um curioso filme de avalanche na neve, Play, 11 , o curta Handelse vid Banke, 09, melhor curta em Berlim, De Offriviliga, 08, melhor filme em Bruxelas. Ou seja, é um nome importante no novo cinema europeu.
Mas é bom avisar que esta comédia é muito particular, com um senso de humor ferino, mas que não chega a provocar gargalhadas. No máximo uma fungada desajeitada já que se trata também de um tema endereçado a um público mais sofisticado, de preferência europeu, ou ao menos sueco. É interessante se observar certos costumes que a gente achava que não existia por lá (ou seja, golpes na rua, para bater carteiras, o fato de ter muito pobre dormindo na calçada!) e mesmo a sátira é discreta (quem não frequenta museus e bienais vai ter dificuldade em achar muita graça na história é que basicamente uma sátira aos museus modernas e europeus, que vivem procurando novidades, e criando exposições a beira do ridículo). Quem freqüentou as Bienais vai entender bem o ridículo de certas pseudo artimanhas! (por exemplo, um artista numa sala pôs um monte de montinhos de terra, sem maior significado a não ser na cabeça fantasiosa e descontrolada dos diretores do museu). Quem é o protagonista é justamente o diretor dele, o dinamarquês aqui desconhecido Claes Bang que tem dificuldade de criar uma dupla de meninas (não se fala na mãe, ou menos não percebi).enquanto toma decisões sempre a beira do ridículo. A mais forte e engraçada dá chance para a excelente atriz americana, recém vencedora do Emmy, Elisabeth Moss, que faz uma entrevistadora logo no começo para depois retornar como uma transa sexual muito divertida e fora do comum (com ele, naturalmente).
Essa sequência ajuda a perceber o ridículo que o diretor esta tentando satirizar mas ainda assim com discreção. Ai que entra o nome do Square (não uma praça mas um quadrado mesmo, que esta sendo colocado na praça em frente ao museu, obra de um artista sucinto que vai provocando uma série de confusões e conflitos, quando convidam uma dupla de jovens pseudo artistas que visivelmente não sabem o que estão fazendo e agora realizando um vídeo com uma garota loirinha explodindo no quadrado (e o chefe não viu nada, porque está ocupado em resolver probleminhas pessoais). O que virá provocar uma revolta da imprensa (também passível de ridículo).
A outra trama muito irônica é quando o diretor do museu pede ajuda de um funcionário que vem com idéias erradas para recuperar sua carteira com documentos e dinheiro. Mas isso acaba provocando o surgimento de um garoto árabe incansável que exige que lhe peça desculpas! Mas ainda falta o clímax do filme que certamente é a sequência mais forte quando eles colocam em cena um homem das cavernas, ou coisa que o valha, para aparecer na festa de gala do museu e começa a agredir o público, em particular uma moça, o russo Terry Notary faz o homem macaco chamado de Oleg que na verdade teve problemas quando num caso real e semelhante, representou um cachorro e foi preso (ou coisa que o valha).
Ou seja, o diretor não esta levando nada daquilo a sério e entendo até como a gente pode se divertir com isso. Ou deixar irritado os que vestirem a carapuça. De qualquer forma, é diferente, feito com visual adequado para a trama, mas só vai agradar os que sacarem as referencias. Um humor sofisticado que pode ou não conquistar o pessoal da Academia.