Crítica sobre o filme "Terra Selvagem":

Rubens Ewald Filho
Terra Selvagem Por Rubens Ewald Filho
| Data: 07/11/2017

Este é novo filme dirigido pelo atual fenômeno descoberto na última festa do Oscar, onde foi finalista como roteirista, Taylor Sheridan, pelo drama /faroeste moderno, A Qualquer Custo (Hell or High Water), direção de David MacKenzie, mas roteiro de Taylor Sheridan. No elenco, Jeff Bridges, Chris Pine, Ben Foster. É curioso como este filme ganhou prestígio não para o inglês McKenzie, mas o ator e roteirista Taylor, que ficou famoso por causa do roteiro que escreveu para Sicário, Terra de Ninguém (15) e sua participação na série de TV Filhos da Anarquia (como ator). A Qualquer Custo foi indicado ao Oscars de melhor filme, diretor, montagem e coadjuvante Bridges e montagem. Globos de Ouro de filme, coadjuvante Bridges e roteiro. Independent Spirit como coadjuvante Ben Foster. Entre outros menores.

Apesar do sucesso como roteirista e agora diretor, Taylor também continua trabalhando como ator (os inéditos Stage Kiss, Horse Soldiers), mas praticamente tudo que fez foi como participante de séries de TV. E ficou poderoso o suficiente para realizar este filme Terra Selvagem (Wind River, que por sinal é o nome do lugar onde sucede a maior parte da aventura) bastante interessante, rodado numa paisagem gelada perto de Sundance - passando como se fosse Wyoming - e baseado em fatos reais. Durante a filmagem, ele recebeu a visita no set de índios líderes da tribo Shoshone que lhe contaram que naquele momento eles tinham 12 assassinatos de mulheres não resolvidos, na reserva indígena de 6 mil pessoas. Tudo por causa de uma lei de 1978, que não permite perseguir ou prender os não indígenas que cometerem crimes na reserva. Se preso, só uma corte federal pode julgá-lo. Por isso tantos criminosos saem ilesos. Um detalhe: o filme ganhou o prêmio de melhor diretor no mais recente Festival de Cannes. Outro exagero e besteira do Festival que confunde as coisas cada vez mais. Foi também melhor filme e prêmio do público em Karlov Vary. Melhor filme em Nantucket.

O filme é inspirado em alguns casos que parecem reais. Começamos acompanhando Corey um já veterano caçador de animais selvagens, interpretado pelo sempre neutro Jeremy Renner, que é casado com mulher indígena, que ajuda uma jovem agente do FBI, Jane (Elizabeth Olsen) a tentar resolver um caso de assassinato numa reserva. Sempre massacrados pela neve, eles procuram a ajuda dos mais velhos, mas enfrentam a neurose e violência de outros ditos oficiais da lei. É um filme violento, de bastante impacto e com alguns momentos perturbadores. Talvez pela denuncie e o abuso, gostei mais dele do mais rotineiro A Qualquer Custo. Mas é menos comercial.

Na verdade, os filmes possíveis para o Oscar este ano parecem ser menos 1) espetaculares ou 2) sociais. Ou, vai ver, ainda não os conhecemos bem. Este aqui é sério, competente e aborda um tema que raramente discutimos.