Peço atenção especial para este filme delicado e bonito que foi uma das consagrações no Festival de Gramado deste ano levando os prêmios de roteiro, ator coadjuvante (Marco Ricca), direção de arte, prêmio da crítica. O problema é unicamente o fato de que o espectador tem fugido dos bons filmes brasileiros, talvez por falta de grana! A questão é que praticamente todos os lançamentos recentes não foram bem de público. Mas todos são recomendados. Como os Nossos Pais é muito bom e deve atingir particularmente as mulheres. Bingo foge da biografia convencional e inventa uma história de um falso palhaço que trabalhou no SBT mas a direção é inventiva, o protagonista está ótimo e a plateia que eu participei estava lotada. E o simpático, humano e musical filme do João, o Maestro estava também lotado com senhoras que apreciam esse tipo de projeto.
O jovem Meira estudou cinema na Escola de Cuba e este é seu primeiro longa-metragem de ficção. Fiquei encantado em encontrar uma narrativa simples e poética, passada no interior do Brasil numa família tradicional, nem pobre nem rica. A figura central é a garota de 13 anos, ainda mal adolescente que descobre que há algo de diferente, de estranho com ela. Discretamente começa a espionar e aos poucos descobre que o pai tem outra família, de que ninguém comenta. E ainda por cima a menina da mesma idade também tem o mesmo nome. As duas chegam mesmo a serem amiguinhas. Mas a vida é assim mesmo repleta de segredos e mentiras.
Sem escândalos, exageros, é uma joiazinha discreta, afetuosa, encantadora. Experimente conhecer.