Esta é uma história real que está tendo uma forte divulgação por todo o Brasil, culminando com a apresentação do Maestro João Carlos Martins, na praça de Gramado, antes de haver a apresentação em pré-estréia deste filme de abertura do Festival que se espera tenha uma boa acolhida do público.
Acho muito possível. Vou dar um testemunho. Conhecia o maestro João Carlos Martins meio de passagem, no ambiente cultural de São Paulo. Não estava informado, quando fui convidado a um concerto na Sala Paulo, para ver ele se apresentando. Pensei que fosse algo de rotina. Mas só então me dei conta do problema que ele teve que lutar, com as duas mãos doentes, sem movimento. E de repente, mesmo travado, da orquestra, do piano, ouvia-se um som mágico, empolgante. Dias depois ele me mandou um recado, perguntando se era verdade que eu tinha chorado com sua apresentação. Sim, absoluta, foi um momento comovente, uma lição de vida, coragem, talento, da bravura de um artista. Chorei e não duvido que faça o mesmo de novo a ver este filme.
Produzido pelo lendário Luis Carlos Barreto, o filme é uma belíssima e delicada biografia, que foi dirigida por Mario Lima, que conhecíamos mais por histórias policiais eficientes sobre drogados (como Meu Nome Não é Johnny, Tim Maia). Pois mudou de gênero e partiu para um narrativa mais tradicional, acho que de propósito inclusive relembrando filmes europeus dos anos 50-60. E o IMDB revela sem querer o título original que tinha antes de ser modificado que era A Paixão Segundo João, digamos que mais épico do que o atual. É importante que João jovem tenha sido interpretado por um jovem e competente ator carioca, Rodrigo Pandolfo (o músico jovem) que é substituído pelo sempre competente Alexandre Nero. Destaco no elenco uma bela e excelente atriz vinda do teatro, com seu jeito bergmaniano, Ondina Clais, que fez a mãe em O Filme da Minha Vida.