Foi um grande prazer para mim voltar a assistir um filme europeu em preto e branco, como aqueles da minha infância, que embora seja luta de boxe não tem nenhuma daquelas disputas artificiais a la Rocky o Lutador ou equivalentes, nem denúncia de gangsters que controlam o esporte. Este é um filme encantador de um diretor estreante Juho Kuosmanen (1979-), nascido em Helsinque. Formado pela ELO Helsinki Film School of Aalto University em 2014. Dirigiu os curtas Roadmarkers (2007), Citizens (2008) e Taulukauppiaat (The Painting Sellers), que ganhou o Prêmio Cinéfondation em Cannes e cinco indicações ao Finnish Film Academy Awards. Junto com seus estudos, Kuosmanen também atuou e dirigiu para teatro e trabalhou com o grupo de ópera vanguardista Coast Kokkola Opera. Este é seu primeiro longa. E foi indicado pela Finlândia para o Oscar de filme estrangeiro do ano passado. Além de ganhar o prêmio Un Certain Regard para a mostra paralela de Cannes, ganhou o prêmio em Chicago para novos diretores, descoberta do ano no European film Awards, 8 Jussi Awards, Prêmio no Zurich Film Festival.
Tudo merecido porque é raro se ver um filme tão natural, encantador, sem inventar frescuras para contar uma história real. É sobre um lutador que gosta muito de sua namorada, mas aceita enfrentar numa luta de boxe um adversário americano (no caso negro) que virá enfrentá-lo. Parece que não tem fôlego para tanto principalmente por causa do peso, teria que pesar muito peso, o que viria a lhe tirar sua energia e força. Por exemplo, só mesmo num filme finlandês se mostra nudez masculina tão espontânea e pouco sensual. Feito em lugares autênticos e deixados como na época dos fatos, o diretor conheceu o finlandês Olli Mäki, boxeador aposentado, e sua esposa Raija. Apesar de já estar com Alzheimer em estágio avançado, Mäki ainda se lembrava das histórias da época em que teve a chance de ser campeão do mundo de boxe (em 1962). “Quando terminou de contar o que aconteceu, disse que aquele tinha sido o dia mais feliz de sua vida”, explica Kuosmanen. Curioso, o diretor quis saber porque, já que o boxeador havia perdido a luta. E por isso quis fazer o filme (a dupla central é eficiente, Jarkko tem 19 créditos, A bela Oona é cantora e depois deste já fez mais dois filmes).
Uma boa alternativa para se encantar com um promissor filme finlandês.