emos boas notícias esta semana com a estreia em plenas férias de dois grandes filmes de ação, cada um à sua maneira, mas ambos extraordinários. Um deles é um brilhante e inesperado ultimo capítulo da trilogia do Planeta dos Macacos, chamado agora Planeta dos Macacos, a Guerra, uma esplendida direção do que tem sido responsável pela série, o talentoso Matt Reeves (que deve fazer o novo Batman!). Não é à toa que os americanos vibraram com o filme não só por sua mensagem atual (dizem que foi sem querer mas já há menções em cima de Trump!) mas principalmente pela direção brilhante e antológica do que parece ter sido o conflito final das duas raças, macacos e homens. Não sou especialmente fã da série, mas o filme tem algumas das mais fortes e belas cenas de ação que o cinema já apresentou nos últimos anos. Mas falamos oportunamente mais sobre ele.
Em Ritmo de Fuga, o filme de ação (um título fraco, aproveite o original que é muito mais divertido e adequado justamente Baby Driver!). O astro juvenil do filme Ansel Elgort e o diretor devem vir a São Paulo, o que deve aumentar ainda mais o interesse desta brilhante aventura que lembra bastante os primeiros filmes de Tarantino, mas também aquelas aventuras dos anos 70, cheia de perseguições, fugas, surpresas e violência, muitas vezes com finais inesperados e chocantes, como Fuga Alucinada (Dirity Mary, Crazy Larry, 74, com Peter Fonda e Susan George) e Caçada Implacável (também com Fonda e no mesmo ano). Mais no espírito da aventura do que literalmente perseguição, porque o maior mérito é justamente darem a chance ao diretor britânico mais criativo do gênero, uma mistura de comédia delirante, com sátira, ação inesperada, mas principalmente um toque todo pessoal que justamente está provocando uma grande reação atualmente nos Estados Unidos. Falo de um dos meus diretores preferidos no momento que vem a ser o britânico Edgar Wright (1974- ) que também é roteirista, ator, produtor.
Fiquei fã do moço quando descobri sua comédia inglesa sobre zombies Todo Mundo Quase Morto (Shaun of the Dead, 04, ainda o melhor do gênero) e os dois outros filmes que ele chamava genericamente de Three Flavours Cornetto, Chumbo Grosso (Hot Fuzz, 07, que era uma quase paródia das séries de TV) e Heróis de Ressaca (The World´s End, 13, com o elenco de amigos dele, Simon Pegg, Nick Frost, Martin Freeman). Depois ainda tivemos o primeiro filme americano dele, que é o cult de 2010 Scott Pilgrim Contra o Mundo, com Michael Cera, Mary Elizabeth Winstead, Anna Kendrick. Todos esses filmes são obrigatórios para quem deseja conhecê-lo melhor e entender como chegou até este novo projeto. Uma espécie de homenagem aos filmes de jovens rebeldes, que participam de corridas perigosas, muitas vezes servindo de motoristas para assaltos e fugas de assustar, ou rir. É engraçado que o galãzinho Elgort (já famoso por A Culpa é das Estrelas, Divergente e ídolo no Brasil) é a figura mais adequada para o personagem, com seu jeitão alto, aparentemente frio e ainda com cara de bebê. Certamente o diretor criou o personagem para ele no que é um roteiro cheio de “tarantinices”, mas onde a violência é mais controlada e as tragédias mais equilibradas. Ou seja, fez um filme positivo para o protagonista e seus fãs. Mas sempre dando chance para outros atores famosos mesmo como bandidos e gângsters terem seus momentos para brilhar.
É um prazer ver o grande Kevin Spacey num dos auges de carreira por causa de House of Cards, fazendo o chefão do crime que reúne os seus assaltantes favoritos mas que exige que o motorista de fuga seja o Baby, que ainda tem com ele uma antiga dívida. Logo no começo com uma fuga espetacular (aliás pela cidade de Atlanta onde todo o filme foi rodado) enquanto todos os parceiros cismam de implicar com o garoto, que se diverte fazendo edições de canções pops antigas - até porque a falecida mãe do Baby era cantora! Pode ser tudo até um pouco clichê (como arranjar uma namorada garçonete de lanchonete, um papel que é feito de forma adequada pela última Cinderella de Disney, Lily James). Mas o elenco tem suas surpresas (vide créditos acima) e seus delírios, extremamente bem orquestrados e sempre surpreendentes. Parece que o próximo filme de Wright é uma animação chamada Shadows. Junto com o Macacos, os dois melhores filmes americanos do ano até agora.