Crítica sobre o filme "Frantz":

Rubens Ewald Filho
Frantz Por Rubens Ewald Filho
| Data: 22/06/2017

É sempre interessante assistir um novo filme do diretor francês Ozon, já que eles nunca se parecem (além do fato de serem quase sempre românticos e baseado em livros famosos), mas sempre são interessantes (Ozon dirigiu filmes de sucesso como Sitcom, Sob a Areia, Oito Mulheres,Dentro da Casa, Potiche, Angel, O Tempo que Resta, os mais recentes Uma Nova Amiga e Jovem e Bela (além do ainda inédito L´Amant Double).

Desta vez ele conta uma história que foi escrita como peça por Maurice Rostand (que na verdade é filha de Edmond Rostand, famoso autor de Cyrano de Bergerac), mas também na versão que fez para o cinema o lendário diretor Ernest Lubitsch 1892-1947 na Paramount, no filme chamado Broken Lullaby em 1932, também conhecido como The Man I Killed e no Brasil, Não Matarás. Foi estrelado por Lionel Barrymore, Nancy Carroll, Philips Holmes e é considerado o maior fracasso de público de sua carreira (nunca consegui assistir o filme que foi retirado do You Tube, estou tentando encontrar versão em espanhol). Naturalmente tem todos os atrativos que o diretor gosta, como o cuidado visual (ele rodou tudo em 35 milímetros colorido mas nesta versão, quando está na Alemanha e França é tudo mostrado sempre em preto e branco. Fica colorido nas cenas de lembranças em museu e na própria guerra, também na ceninha final que pode ou não ser imaginária). Mas ele fez tudo para não ficar com aparência de filme de Disney cheio de flores.

Tudo muito delicado e assumidamente de época, é muito ajudado pela escolha feliz da protagonista, uma jovem alemã que lembra um pouco Mariana Ximenes. Chama-se Paula Beer (não é cerveja, seria Bear) e segura muito bem o filme já que lhe falta um ator mais forte e conhecido para fazer o velho medico e o protagonista tem cara de gaiato, de Amigo da Onça, se alguém lembra disso...O rapaz NIney é conhecido por ter estrelado um dos filmes sobre Yves Saint Laurent e Românticos Anônimos.

A história se passa logo depois do fim de Guerra de 14-18, entre outros países, entre franceses e alemães, e numa pequena cidade alemã Quedinburg a jovem Anna tenta esquecer o noivo que morreu numa trincheira. Está vivendo com os pais do falecido e esta sendo cortejada por um homem mais velho da cidade. Mas prefere ficar sozinha ao menos até quando encontra um francês chamado Adrien, que na verdade veio se desculpar por ter matado o noivo dela, no conflito de armas em pleno fogo aberto. Aos poucos a família se abre diante do estranho, mas o problema é que aquela não era a verdade, não havia sido amigo da vítima. A história não termina aí, tem um outro final curioso, mas para não concluir desagradavelmente há uma solução romântica e possivelmente falsa. Talvez não seja o melhor filme de Ozon mas o assisti com interesse. Fritz ganhou premio de fotografia no César (e foi indicado ainda como ator, atriz revelação, roteiro adaptado, música, som, montagem, figurino, desenho de produção. Ainda diretor e filme! Teve ainda indicações importantes aos Lumière e no Louis Delluc. Ganhou como filme estrangeiro no Festival de Sedona e melhor atriz revelação no Festival de Veneza.