A safra deste ano do cinema brasileiro foi tão infeliz que ainda estou procurando ver apenas os projetos mais promissores e interessantes, ainda que a julgar pela presença do público na sala o resultado esteja sendo mal sucedido. Aqui está um filme policial urbano de um diretor pouco conhecido vindo de Anápolis e depois de apenas um curta ganhou 2 prêmios no Festin de Lisboa. Teve a coincidência de estrear poucos dias depois do falecimento do protagonista do filme o grande Nelson Xavier, que sofria de um câncer que não o impediu de continuar trabalhando com brilhantismo. Era amigo e admirador desse grande ator, que teve interpretações notáveis durante uma longa carreira e fico contente de vê-lo nesse trabalho interessante e equilibrado (embora pudesse discutir o titulo do filme que é usado na história, já que o velho pistoleiro agora estaria tendo um “comeback” um retorno, palavra importada que duvido muito que fosse usada por gente tão do povo.
Enfim, é a historia de um homem de idade, amador, que é um pistoleiro aposentado que presta pequenos serviços ao chefão da região num trabalho que com frequência está cheio de desrespeitos e incompreensão. Sua vida é ilustrada por um livro de recortes que seriam todos os crimes e assassinatos que ele cometeu durante a vida profissional. E que apresenta sempre com o orgulho. Também tem um parente no hospital muito doente e dois sujeitos que pediram para ele conseguir duas ou três metralhadoras (e praticamente nada de mulher). Tudo caminha devagar (e tem a ajuda também de um pistoleiro jovem e rebelde) até quando o velho chega à conclusão de que tem mesmo que fazer seu retorno ...
Nelson interpreta tudo de forma discreta, sem exageros alias num elenco de quase todos desconhecidos por aqui, mas que são verdadeiros e convincentes, ainda que como costumeiros assassinos (o chefão resolve reformar o campinho de futebol do bairro e melhorar a região /periferia). Num baixo orçamento sempre convincente. Quase faroeste (o pôster faz pensar nisso) ainda assim poderia ou deveria ter um final/conclusão mais empolgante.