Crítica sobre o filme "Dia do Atentado, O":

Rubens Ewald Filho
Dia do Atentado, O Por Rubens Ewald Filho
| Data: 10/05/2017

Foram necessários 19 produtores para realizar este novo filme de Mark Wahlberg, que estava certo que tinha um blockbuster na mão (e que refizesse sua reputação como violento, já que foi condenado quando jovem por ter feito uma pessoa perder a vista por sua violência. Até hoje ele não foi perdoado pelo governo ou polícia de sua cidade natal Dorchester, Boston, que por sinal é onde fez Os Infiltrados, de Scorsese que lhe valeu uma indicação ao Oscar de coadjuvante). Mas a sorte não lhe sorriu novamente. Há pouco tempo ele dirigiu um thriller de ação e suspense, também sobre um fato real e tinha tudo para estourar, com a ajuda do eficiente mas superficial diretor Peter Berg. Chamou-se Horizonte Profundo, Desastre no Golfo (Deepwater Horizon, 16) e ele também aparecia como protagonista (não é muito bom ator e não melhorou nada. Ao contrário esta perdendo a juventude e inchando). O filme era no gênero muito eficiente mas por alguma razão não pegou, foi rejeitado pelo público. Não rendeu mais de 60 milhões nos EUA e 59 no exterior no custo de 110 milhões, ou seja, nem se pagou! Neste caso aqui, que alias chega com atraso quando viu o fracasso americano e evitar competição com os filmes do Oscar, enfim foi pior de bilheteria (31 milhões nos EUA, 14 no exterior). E seu orçamento foi 45 milhões de dólares, outro que não se pagou.

A verdade que se extrai disso tudo é que o público consome aquilo que gosta e rejeita o resto por mais patriótico que fosse. Já tem muita experiência com atentados de rua para vibrar com uma história desse jeito, ainda que realizada com toda dignidade e empenho. É muito bem realizado o filme, sem exageros ou mesmo patriotismo. Procurou fazer uma reconstrução do que foi o dia 15 de abril de 2013, em Boston, Massachusetts, quando o sargento de policial Tommy Saunders (Mark) está cuidando do policiamento da tradicional e anual Maratona de Corrida de Boston quando começa um tiroteio desordenado quando os irmãos árabes Tsarnaey atacam a multidão com bombas feitas em casa num relativamente modesto e amadorístico atentado terrorista. O resultado é caótico nas ruas e melhor no atendimento dos feridos recebe a ajuda também do FBI. Mas a verdade é que a polícia esta sabendo de muito pouco e enquanto tentam prender suspeitos, os dois irmãos terroristas brigam entre si e querem insistir em prosseguir com outros atentados. O filme mostra nesta parte final o que foi mais interessante quando um grupo de adolescentes/estudantes de classe média foram envolvidos pela dupla.

Enfim, é uma história bem contada, com bom elenco de apoio e alguns jovens eficientes, mas que o público não se interessou em ver nos cinemas talvez porque estejam simplesmente já saturados desse tipo de assunto, que abunda sempre nas televisões. Quem fez o filme é o ator Peter Berg (nascido em 64) que teve até algumas chances boas na tela (Cop Land, Noites Calmas, Colateral, Leões e Cordeiros, a série de TV Chicago Hope. Até um longa que estrelou com Linda Fiorentino, virou Cult, O Poder da Sedução/The Last Seduction, de John Dall, 96). Isso o estimulou a se tornar diretor em filmes quase de aprendizado, começando com o humor negro de Uma Loucura de Casamento com Christian Slater e Cameron Diaz, 98, praticamente lançando Dwayne Johnson em Bem-vindo a Selva, 03 (que ia ser feito no Brasil mas por causa de roubo de barco ou algo assim acharam melhor voltar a civilização americana). E foi engatando outros trabalhos de ação, como o elogiado Tudo pela Vitoria (Friday Night Lights, 04), O Reino novamente com Dwayne, 07, Hancock com Charlize Theron e Will Smith, 08, além de várias passagens pela TV com séries e telefilmes como o atual The Leftovers. Retomou com Battleship,12 , o cult O Grande Herói (Lone Survivor, 13) e os dois fracassos já mencionados.

Embora não seja especialmente admirador dele nem do astro produtor acho que o filme, porém faz com capricho e sem demagogia ate num esforço de imagens o registro de um caso real que pode sempre ensinar alguma coisa para o espectador. É patriótico mas não havia como deixar de ser, nem razão para isso. Chega mesmo a manter o senso de humor. Estreou nos EUA, dia 21 de dezembro e convenhamos que não é um bom presente de Natal! Ainda mais porque naquela altura todos já estavam em semi pânico com medo do que viria com uma nova presidência de Trump iria fazer de errado!