Chega com atraso este thriller policial que na verdade é uma refilmagem de uma aventura desse gênero que certamente pouquíssimos irão se lembrar, até porque foi um enorme fracasso há muitos anos atrás. O diretor (homem apesar do nome) tem outros filmes sofisticados e curiosos, como a biografia de Gainsbourg Homem que Amava as Mulheres (10) e a animação vista no Brasil, O Gato do Rabino, e O Profeta (também animação mas de que fez apenas um episódio).O original era igualmente baseado (ou devo dizer inspirado) em livro de Sebastien Japrisot (que escreveu Adeus, Amigo com Bronson e Delon, 68,Eterno Amor, 84, Verão Assassino com a jovem Isabelle Adjani,83, O Homem que Surgiu de Repente, de René Clement, 72 com Trintignant, o enorme sucesso O Passageiro da Chuva, com Bronson, 70, Crime no Carro Dormitório, 65, de Costa-Gavras, e até a adaptação do erótico História de O, de Dominique Aury, 75. Enfim, o filme original tinha certa variação e se chamou no Brasil, A Garota no Automóvel – Com Óculos e um Rifle (The Lady in the Car with Glasses and a Gun). E o roteirista era também o autor do livro original. Mas era uma produção complicada porque já era o ultimo trabalho de um cineasta importante russo de nascimento, Anatole Litvak (1902-74), em seu canto do cisne (em 1970), e muito mal visto pela crítica. Talvez porque resolveu fazer um thriller policial sofisticado europeu num momento onde já tinha perdido a mão (no sentido de estar fora de forma) e teve péssimas criticas.
O elenco britânico era interessante mas não do primeiro time, Samantha Eggar (O Colecionador, Doutor Dolittle), o falecido Oliver Reed (Oliver, Gladiador), a francesa Stephane Audran então mulher do diretor Claude Chabrol, Bernard Fresson, Marcel Bozzufi, John McEnery. O diretor Litvak foi indicado ao Oscar duas vezes (Decisão Antes do Amanhecer, 50 como produtor) e diretor em A Cova da Serpente (48) com Olivia de Havilland. Entre seus sucessos o suspense Uma vida por um Fio com Barbara Stanwyck, 48, Anastasia, Princesa Esquecida, 56, que deu Oscar a Ingrid Bergman, Uma Sombra em Nossas Vidas com Sophia Loren, 62, O Profundo Mar Azul com Vivien Leigh num total de 42 créditos. Outro detalhe curioso, a mesma história daqui já foi filmada outras vezes , em geral como série de TV, Shinsha no Naka no Onna, 76, Japão claro, Daam Autos, 92, Estônia, e Dama y ochkah, C Ruzhyom y automobile, 01, Rússia.
A estrela do filme Freya que no filme não brilha pelo talento, é escocesa, filha de dramaturgo e crítico de cinema. Nenhum dos trabalhos dela antes e depois teve maior sucesso ou repercussão.
Embora o elenco seja pouco conhecido, temos que dar um certo destaque a jovem estrela da historia, que faz Dany é a ruiva, alta e interessante, mas que infelizmente não tem fôlego como atriz o que já se vê na cena inicial quando ela tenta dançar (mal) a beira mar já que parte da trama é sobre isso, ela nunca a viu o mar antes. Um dia seu chefe (por quem ela está secretamente apaixonada apesar dele ser casado e ter filho pequeno ) parte em viagem para Genebra. E deixa o carro com ela. No caminho de volta, pega o caminho errado (?) para Cannes mais no caminho uma outra jovem que se parece com ela parece ter passado pelos mesmos estágios e situações que ela... E assim por diante, mas o que poderia tornar o filme ainda mais tenso e curioso, já que não deixa muito claro ao situar a ação em certa época, aparentemente os anos 70, então é preciso identificar pelas roupas dos figurinos dos personagens, a marca do carro e pequenos detalhes desse tipo. Mas não só a atriz é fraca, a cena de sexo com o desconhecido é ainda mais repulsiva. Não reage como uma pessoa normal e prossegue assim o resto do filme. Até a explicação é apresentada rapidamente em paralelo com a cena final. Tudo muito difícil de perdoar e consumir.