Está havendo uma invasão enorme de filmes descartáveis que seriam melhor consumidos na TV por assinatura, ou então simplesmente estão batendo ponto até a inevitável passagem. O elenco traz apenas um ator de excelência, o premiado com o Oscar Geoffrey Rush e que só depois de vê-lo em cena na Broadway passei a respeitá-lo mais. Mas aqui está num personagem antipático, mal aproveitado e mal desenvolvido, e uma boa atriz, também respeitada mas que não há meio de estourar, Miranda Otto (de Guerra dos Mundos, Senhor dos Anéis e no Brasil fez um bom trabalho em Flores Raras, 13, de Bruno Barreto). O curioso é que o roteiro é uma adaptação atualizada de um clássico teatral de Henrik Ibsen, O Pato Selvagem. Não reconheci o diretor Simon Stone, que é um ator ainda jovem, que fez antes apenas um curta e não teve nada de reconhecível como intérprete. Mas para se garantir antes de rodar o projeto fez uma versão teatral do texto do velho mestre norueguês Ibsen (1828-1926), é sempre bom lembrar que ele escreveu Hedda Gabler, A Casa das Bonecas, Fantasmas, O Inimigo do Povo, PeerGynt. O filme ganhou da Academia Australian, como roteiro adaptado. Idem também pela Associação de Críticos Australianos.
Não foi exibido aqui e não me lembro de ter visto a outra versão de Ibsen, The Wild Duck (84) que ao menos tinha Liv Ullman, Jeremy Irons. Mas certamente era melhor do que a versão atual, confusa, mal narrada, com elenco mal aproveitado. Começa numa região de Madeiras, onde Rush como Henry tem que fechar uma serraria deixando em dificuldade seus antigos empregados. Ele pretende se casar com sua empregada (Anna Torv) e para isso chamou seu filho já adulto, Christian (Schneider) que vive nos EUA há 15 anos e agora esta tendo dificuldade com sua mulher oriental porque voltou a beber e usar droga.Também despreza o pai que acha que pode ser responsável pela morte prematura da mãe (que não vemos).O pato selvagem original aparece já no começo do filme, porque levou tiro, não morreu mas agora vive preso e infeliz (o símbolo disso tudo ao menos é obviamente claro). Mas não podemos esquecer de outra família, seu melhor amigo desde infância Oliver (Ewen) agora casado com Miranda Otto (Charlotte que esconde também seu segredo) e ainda patriarca (o veterano Sam Neill já que vai tempos melhores). Porque insistem em lavar a roupa chuva e forçar tragédias é algo que há dois séculos atrás fazia mais sentido, hoje em dia as conclusões óbvias ficam confusas e desagradáveis. O filme foi sim exibido nos EUA onde foi fracasso apesar de alguns críticos cegos insistirem em elogiá-lo.