Faz tempo que não assistia um blockbuster de aventura e ação com tanto humor, certamente influenciado por Deadpool, só que com censura mais leve. É verdade que o primeiro filme já era bastante divertido com o relativamente jovem diretor James Gunn (1970-),que tinha uma longa carreira no gênero terror (em geral com humor) como roteirista e produtor, vindo diretamente da produtora mais brega do gênero terror, a lendária mas pobre Troma e parece já ter assinado o terceiro capitulo desta série (os fãs supõem que Sylvester Stallone terá algo mais a fazer do que aqui, onde o destaque ficou com o menos famoso mas cult Kurt Russell,que voltou a moda com Os Oito Odiados e mais ainda com Velozes e Furiosos 8! Quem prestar atenção verá que ele é outro que sofreu o banho digital de juventude emprestado de segundo dizem Fuga de Nova York!).
Duas coisas me surpreenderam muito neste capítulo. Primeiro o fato de quebrar o recorde de cenas depois dos letreiros, apesar de temas variados e nem sempre astutos o suficiente. Mas são cinco motivos (cenas) para você não sair do cinema cedo demais! O outro detalhe que me parece mais importante é que não há tentativa de esconder que se trata de uma comédia assumida, de piadas quase sempre sucessivas e com todo o elenco envolvido (no pioneiro Deadpool, a censura maior equilibrava o humor com cenas violentas de ação e havia palavrões). Resta ver se o público irá embarcar neste gênero tão farsesco, quase circense (onde há mais palhaçada que ação) o que será um risco para os próximos capítulos (com certeza, vão querer algo parecido nos próximos filmes já que aqui abre-se uma porta também para os mais jovens espectadores, inclusive fazendo supor que o infantil Groot possa eventualmente se tornar um astro independente!). O Guardiões anterior rendeu 771 milhões de dólares (quinto da série da Marvel) e não estreou ainda nos EUA, só semana que vem, mas almeja de entrada cerca de 159 milhões de dólares de renda! Será que internacionalmente irá perder para Velozes e Furiosos 8 (o custo do filme seria 200 milhões!) ?
Pode ser que seja apenas minha impressão, mas os heróis do primeiro filme deixaram de ser surpreendentes mercenários para virarem humoristas e não terem mais tantos segredos a revelar. Não me impressionou Zoe Saldana novamente como a mal humorada e verde Gamora que ainda tem que aturar sua irmã inimiga, Nebula (Karen Gillan). Rivais delas em fazer gracinhas estão Rocket (voz de Bradley Coper) e o mais duvidoso Baby Groot (Diesel) e naturalmente um campeão fortão de luta livre, Drax (Dave Bautista). Certamente que há batalhas espaciais, duelos, tiroteios, mas também o herói Peter Quill (será que só sou eu que simpatizo com a despretensão de Chris Pratt que nunca parece se levar a serio?). Aqui o maior conflito é quando ele conhece seu pai (o Kurt Russell, conhecido como Ego, na verdade um personagem muito antigo, ainda criado por Stan Lee e Jack Kirby há mais de 50 anos!). Junto com ele veio uma jovem tímida chamada Mantis (Pom).
Ainda insatisfeito pretendo assistir novamente este Guardiões (e em Imax de que não abro mão) e confirmar a impressão de boa diversão.
Revisto em 02/05/2017:
Volto a exercer minha experiência de assistir ao menos duas vezes, os filmes blockbusters principalmente os exibidos em Imax (sistema que aprecio e que acho que ajuda muito a experiência visual) e 3D (que para quem usa óculos com eu, é uma chateação. Mas no caso deste filme em particular houve dois momentos onde jogam coisas diretas na tela que me pegaram distraído e nos dois casos desviei o rosto. Ou seja, funcionaram!).
Engraçado como na primeira visão, a comedia me roubou a atenção não caindo nunca em gargalhadas mas sempre provocando reações dos simples sorrisos à quase gargalhada (mas nenhuma vez morrendo de rir. A figura do Baby Groot que não me agradou no trailer, funcionou mais e melhor, como se fosse um Bebê malcriado mas fofo). Na verdade, o que mais me impressionou na revisão é observar de perto (tive que me sentar bem na frente, aliás eu gosto da posição, realmente mergulhar na tela). O que me levou a perceber melhor a habilidade do diretor James Gunn, como que ele movimenta os personagens, principalmente no primeiro ato quando eles são apresentados de costas, ou no canto da tela. Um recurso dramático que eu raramente percebo no atual cinema, mas que da uma interessante urgência a narrativa ou tensão na cena. Embora seus créditos de curriculum atualmente ainda sejam fracos parece evidente que mesmo com interferência do estúdio e da Marvel, ele conseguiu dar unidade ao enredo e resoluções dramáticas. É claro que lhe dei um credito especial na qualidade da escalação do elenco feminino novo, começando por uma que já admirava muito, aqui fazendo a vilã (que irá retornar). Eu fiquei impressionado com a linda Elizabeth Dibicki, que estava estranha como Jordan Baker, em O Grande Gasbitt e principalmente na minissérie de teve britânica The Night Manager (onde como boa francesa de nascimento, exibia sua nudez espetacular). Agora faz a dourada Ayesha em busca de vingança (além disso estava prevista para outra meia dúzia de filmes!).
O elenco não fica por apenas aí, na parte feminina tem a exótica Pom Klementieff (uma canadense chamada Mantis), também veterana que ate agora não tinha encontrado sua chance mas voltara logo em Avengers: Infinity War). E sem esquecer a escocesa e cantora Karen Gillan, que faz Karen e estará em Avengers e Jumanji. Acredite esse trio já faz uma diferença...
Assim como ajuda muito terem sabido explorar melhor figuras que antes mal abriam a boca como o veterano campeão de lutas, Dave Bautista (Drax) que quase rouba o filme apesar de ser um veterano de lutas e truques, misto de filipino e grego (nascido em 1969). Também continua a funcionar Chris Pratt (como Peter Quill e agora Star Lord) que conseguiu condicionar seu jeitão americano bobo, durante o próprio transcorrer dos filmes que tem estrelado numa figura simpática e dócil com o maior problema a enfrentar, até shakespereano, de encontrar seu pai e herdar simplesmente uma categoria de Deus! E como o adequadamente chamado Ego , Deus maior, temos a figura de Kurt Russell, que sempre foi uma figura eficiente e oportuna mas que custou a ser finalmente reconhecido. Opa, tem ainda um coadjuvante que me chamou a atenção e não me lembrava de tê-lo visto, É Sean Gunn, que evoluiu muito deste o filme anterior como Kraglin, que ficou com uma missão de alívio cômico (ele também esta na série Gilmore Girls que a Netflix recuperou agora faz pouco tempo). E já devia ser conhecido do diretor desde quando estreou num filme da Troma, justamente Tromeo e Julieta, 96! Assinado por Gunn logicamente.
Já falamos da pontinha de Stalllone e sou dos que acham que cinco ceninhas ao final é uma overdose. Mas fiquei feliz de que noventa e oito por cento dos espectadores da sessão que estavam na mesma sala viram até o finalzinho mesmo (a sessão até se atrasou). Deixe me ver se esqueço algo (a cenografia propositalmente kitch do planeta do Ego, o humor presente em muitos detalhes deixando claro que não é para ser levado a sério!). De qualquer forma, valeu a revisão, ri bastante e fiz mais justiça a um diretor novo e batalhador.