Raramente o cinema - não apenas o nosso mas de qualquer parte do mundo - foi capaz de fazer um filme tão emocionante, tão alegre, tão cinematográfico quanto este louvor merecido a um dos tesouros do cinema brasileiro. Não há quem conheça e não ame esta força da natureza que é Antonio Pitanga, um baiano descoberto por Glauber, consagrado numa série de filmes por Carlos Diegues e exposto agora neste caloroso, bem humorado e auspicioso documentário feito com muita aptidão e talento pelo já consagrado Beto Brandt. Com o devido apoio da filha de Pitanga, Camila (que continua linda, assina como codiretora), mas tem uma presença discreta diante das câmeras.
Raramente eu me emocionei tanto quanto neste filme por uma razão simples, conheço e gosto de Pitanga desde o começo dos anos setenta e fiquei admirando Pitanga pelas mãos de Ney Latorraca. Assistir o que Pitanga faz no começo do filme na areia de Barravento com a incrível Luiza Maranhão e depois pulando nas ruas do Rio de Janeiro na grande cidade, já com seu padrinho Cacá, estrelando todos os filmes importantes do cinema baiano, inclusive O Pagador de Promessas, o vencedor da Palma de Ouro de Cannes. A verdade é que Pitanga, além de se confirmar como um ser humano maravilhoso, incrível pai de família, adorado por seus amigos, tem aqui a oportunidade de falar com franqueza e honestidade o que é ser negro no Brasil. Não tão ruim quanto nos EUA, mas não muito longe também. Uma luta que ele ganhou sempre com um sorriso, uma franqueza, uma veracidade que hoje se espraiam por 110 créditos – mas acho que se esqueceram de alguns!
Grande ideia fazer o filme e a homenagem, nunca tão merecida. Melhor ainda que resultou numa bela obra de cinema para um campeão de nosso cinema.