Há quase 30 anos atrás houve uma fase difícil para o cinema, quando muitos lançamentos americanos mal chegavam ao Brasil, os antigos donos de cinema estavam sendo despejados e substituídos por outros estrangeiros (que ao menos reformavam as salas de espetáculos). E as locadoras eram um enorme sucesso mesmo que ainda nas mãos da pirataria.
Foi nesses bons/maus tempos que houve outro filme com esse mesmo nome, Going in Style, de 1979, e que at[a onde eu sei nunca foi exibido no Brasil comercialmente nem na televisão (aparece no IMDB com o mesmo nome mas pode ter sido no inverso, depois que a versão atual tenham aproveitado o título). Por que penso assim? Por que na época gostei muito da versão original e soubemos que o filme nunca seria lançado em nossas salas até porque o elenco era de velhos (e havia o maior preconceito contra isso, hoje em dia filmes com velhos atraem aqueles que estão na terceira idade). Então gente como Jane Fonda, Shirley MacLaine e assim por diante, inclusive o elenco desta refilmagem de hoje são ainda astros. E graças a Deus bastante queridos e considerados atrações. Na época poucos sabiam que eram os atores, no caso George Burns (1896-1996, vencedor do Oscar por Uma Dupla Desajustada, 75, fez muito sucesso na TV com sua parceira Gracie Allen. Morreu com mais de 100 anos). Ao lado de Art Carney, 18-2003, outro vencedor do Oscar por Harry o Amigo de Tonto, 75, vindo da televisão onde fazia a serie inédita aqui The Honeymooners e ainda Lee Strasberg, 01-82, famoso professor e diretor que popularizou o Actor´Studio. O diretor roteirista era outro, então desconhecido chamado Martin Brest, depois conhecido por Perfume de Mulher e Um Tira da Pesada.
O fato é que o filme foi original e atrevido dando origem a outras imitações, por sinal várias com gente veterana e, portanto, a atual nada mais é que uma coisa já vista. Por isso um desafio. Ainda que com um elenco mais nobre, pois os três atores centrais são velhos amigos e vencedores de Oscars, Arkin (Pequena Miss Sunshine, 06), Caine (2, Hannah e Suas Irmãs e Regras da Vida, 99), Morgan Freeman (Menina de Ouro, 05). Além disso o diretor aqui é o comediante Zach Braff (Scrubs da TV, o talentoso de Hora de Voltar), e roteiro de Theodore Melfi, que se deu tão bem fazendo há pouco como diretor de Estrelas Além do Tempo.
Sintético e curto (90 e poucos minutos), em tom de comédia satírica, embora não traga muita coisa de novo, mas é uma boa diversão (engraçado como se percebe como público da pré estreia estava disposto a gostar, desde o primeiro momento já ria ate antes da piada). Não chega a pegar muito pesado na denúncia dos abusos dos bancos e falta de respeito a aqueles que vivem de aposentadoria (muito atual por aqui, mas nos EUA a situação tende inclusive a piorar). São três veteranos que são muito amigos e vivem com a maior dificuldade. Caine vai ao banco e presencia um assalto (talvez o único ponto discutível é o gerente do banco, que é interpretado com exagero e caricatura, a mim ao menos incomodou). Sem outra saída aparente para sustentar a filha e a neta, recorre a dois amigos, Arkin que é musico e divide uma casa com Freeman e é quem tem piores problemas de saúde porque tem que trocar rim (enquanto isso embora com relutância começa a namorar uma senhora bonitona feita pelo antigo sex symbol Ann Margret).
E o filme é isso, bem feitinho, movimentado, agradável de ver.