Numa safra de excesso de filmes superestimados e medíocres, foi uma surpresa para mim este delicado e muito especial trabalho novo do diretor Jarmusch (inédito nos cinemas por aqui), que já foi cultuado no Brasil. Este é francamente pessoal e subestimado (foi premiado em Cannes pelo melhor cachorro Nellie, indicado por alguns críticos como do Los Angeles, mas nada de significativo). Mas deveria ser o tipo de filme que crítico devia admirar.
Um projeto antigo do diretor que levou cerca de 20 anos para realizá-lo, usando poemas quase sempre de seu poeta favorito Ron Padgett, alguns criados especialmente para o filme. Alguns deles do próprio diretor e o que aparece no final do filme, é, na verdade letra de famosa canção premiada com o Oscar de O Bom Pastor (sucesso no Brasil ). Mas a melhor escolha é do estranho Adam Driver, revelado na série Girl e que esta também no filme de Scorsese Silêncio. Ele é apenas um motorista de ônibus, que todos os dias faz a mesma coisa, sai de casa onde vive sua bela e discreta esposa e no caminho vai passando por paisagens algumas belas, outras banais, ouvindo conversas de velhos e crianças, ocasionalmente tendo pequenos acidentes. E só isso, uma viagem poética pelo tempo banal basicamente de New Jersey numa lição de como fazer um filme bonito e cheio de citações. Que nem todos vão admirar, mas que realmente merece ser checado.