Crítica sobre o filme "Kong: A Ilha da Caveira":

Rubens Ewald Filho
Kong: A Ilha da Caveira Por Rubens Ewald Filho
| Data: 08/03/2017

Confesso que não tinha a menor vontade de assistir mais um King Kong mais que satisfeito com os diversos filmes anteriores que passaram do original clássico de 33, o de Dino de Laurentiis de 76, o de Peter Jackson de 05, as duas versões japonesas etc. Além disso, o nome do diretor não significava nada para mim, e fiquei surpreso de ver que ele tem enorme filmografia de curtas e séries de TV, passando por apenas um longa com Reis do Verão (13), que não vi. Ou seja, seu trabalho bastante competente é uma boa surpresa, movimentado, dinâmico, variando desde Apocalypse Now à Jurassic Park, ritmo de videogame e referência a Platoon. Aliás é bom avisar que mesmo não sendo da Marvel, tem ao final dos letreiros uma sequência bem explícita onde o casal central esta prisioneiro e se fica sabendo que teremos muito em breve a continuação com outro monstro, no caso japonês o Godzilla (King of Monsters,19, com Vera Farmiga, Kyle Chandler e Ken Watanabe. E novamente com outro diretor ascendente Michael Dougherty, fez Krampus).

Mas a questão mesmo que interessa ao leitor é se o filme vale a pena mesmo reexplorando tudo que já foi feito e mostrado antes. O fato é que o mérito vai para os roteiristas, que são Dan Gilroy, Max Borenstein e Derek Connelly. São eles que assinam a trama que felizmente muda bastante de época e situação. Depois de rápido prólogo que sucede no final da Segunda Guerra Mundial numa batalha do Sul do Pacífico, passam-se os anos. Isso serve para apresentar o personagem, o então muito jovem do soldado Hank Marlow, que virá a ser interpretado por John C. Reilly, num dos momentos mais discretos e eficientes de sua carreira.

Há um pulo grande de tempo que serve também para os letreiros de apresentação e a passagem do tempo. Que vai suceder no fim da Guerra do Vietnã justamente em 1973 (aliás foram rodadas cenas nesse país, assim como Austrália, Havaí, EUA num orçamento de 190 milhões de dólares). Acontece que existe uma ilha desconhecida (seria a tal da Caveira, por sinal mal aproveitada) no meio do Oceano e que nunca teria sido conquistada (é cercada por tempestades furiosas e pontiagudas pedras), mas provoca o interesse alguns cientistas, aventureiros e principalmente de um deles (John Goodman) e um oficial militar com delírios de poder e uso constante de armas (o papel é feito pelo sempre competente Samuel L. Jackson).

Daí em diante, enquanto caminham pela ilha habitada por inúmeros animais pré-históricos e letais, que vão atacar os soldados de maneira constante e quase original (quando Kong arranca a língua e os “insides” de um deles é um dos destaques). O fato, porém que a caminhada deles é cheia de surpresas, incluindo o então já veterano soldado e as sucessivas e geralmente eficientes cenas de ação. O ponto fraco esta justamente no casal nem tão romântico da história que é formado por Brie Larson (que ganhou o Oscar do ano passado antes de fazer o filme e tem uma participação para lá de inexpressiva) e de outro que se revelou, o britânico Tom Hiddleston (Thor), que nunca parece muito à vontade. Curiosamente Toby Keball que faz o soldado Jack Chapman também é creditado como Kong!

Sem esticar demais a conclusão positiva que é melhor que muitas imitações e mesmo certos filmes irregulares de ação, este Kong (ele é um supergigante monstro embora o romance inevitável entre ele e Brie Larson é precipitado e muito mal justificado, uma paixão a primeira vista!). Felizmente a novidade da paisagem, a ação constante, as frequentes cenas de explosões e até a metragem não exagerada tornam o filme um passatempo bem eficiente. Não chega a ser indicado para crianças, mas foi dinheiro mais bem gasto do que muitos outros.