É curioso que pouca gente se preocupe com o título deste primeiro filme da série Star Wars que não tem uma relação assim tão direta com as outras trilogias. E segundo o próprio diretor poderia ser traduzido como trapaceiro, desordeiro, bandoleiro, vagabundo, comportamento inesperado e fora do normal, assim como no caso deste filme, sinal de chamada militar, esta aventura seria a primeira a não entrar nas séries anteriores e também pode se referir à rebelde Jyn que esteve presa.
Assisti ao filme tardiamente porque estava viajando fora do país e ao retornar perguntei a vários colegas jornalistas o que acharam do filme. E todos, sem exceção, responderam se desculpando, “Ah, eu sou fã da serie Star Wars”. Como se alguma coisa tivesse a ver com a outra. O fato é que o filme acabou sendo uma mega sucesso no mundo todo e eu mesmo acertei em assisti-lo de novo, numa espetacular sala americana.
Para mim o mais interessante é justamente a parte técnica que com uso do digital consegue dois feitos extraordinários e convincentes: apresentar como personagem importante a figura do ator britânico o venerável Peter Cushing , que foi durante muitos anos parceiro de Christopher Lee nos filmes de terror da Hammer inglesa e participou como Grand Morf Tarkin, no original Star Wars de 77. O estranho é que ele viveu de 1913-97. Ou seja, tantos anos depois foi possível fazer sua aparição de forma digital e tão convincente, que acabou se tornando uma das melhores presenças no filme! Talvez melhor mesmo do que o ilustre e admirado Darth Vader, que ainda usou a voz única e possante de James Earl Jones, mas aos 85 anos, foi preciso que mexessem na voz em estúdio que infelizmente ficou sem o poderio original. Há outro feito técnico igualmente bem sucedido que é uma aparição inesperada da Princesa Leia (Carrie Fisher) quando bem novinha. Outro milagre digital! E que infelizmente acabou acontecendo logo depois do lamentável falecimento da atriz.
Há também uma ousadia que foi pouco divulgada talvez para não estragar a surpresa que é uma conclusão inesperada e inédita. Não conhecia o diretor chamado Gareth Edwards, um britânico que era especializado em efeitos especiais. E teve certo sucesso com Monstros (Monsters, 2010), sobre jornalista que leva turistas pelo México seis anos depois da Terra ter sido invadida por turistas. Não conheço o filme. Não gosto nada da sua versão de Godzilla, 14, escura, confusa, mal contada e sem nenhum impacto, nada que o qualificaria para realizar este filme. A não ser ao que parece a mão de ferro dos produtores que supervisionaram tanto que o resultado acaba se tornando vim a descobrir melhor na revisão, um dos melhores, se não o melhor filme de toda a série.
A princípio não apreciava a escolha de elenco, em particular a fraqueza e o sotaque carregado do mexicano Diego Luna como o protagonista masculino. Mas tenho que ser justo com a heroína Felicity Jones que conseguiu ficar convincente e épica. Outra figura marcante é australiano Ben Mendelsohn que faz Orson Krennic, que está sendo treinado para ser a próxima revelação desde Reino Animal, na série da Netflix Bloodline e Êxodo. O astro oriental Donnie Yen tem poucas cenas e ficou meio gaiato repetindo “a Força está conosco”. Enquanto a composição física de Forest Whitaker fica um pouco estranha, com aquele cabelão. Gosto de um ator que vai crescendo agora, chamado Riz Ahmed (árabe mas nascido em Wembley, Inglaterra, ele fez sucesso na TV americana como a minissérie The Night Of..., que praticamente rouba o filme...
Mas o que mais valorizei no resultado todo foi a coragem de não fugirem da briga e o medo de matar personagens. As cenas de ação são espetaculares, o grande ataque é formidável e tudo é super emocionante. Não tiveram medo de fazer um super filme de aventuras. Uma pena que o Oscar não o colocasse entre os melhores do ano (só indicando-o como mixagem e efeitos visuais). Erro total. Até porque o filme de Mowgli tem sido o mais lembrado como efeitos!