Crítica sobre o filme "Apartamento, O":

Rubens Ewald Filho
Apartamento, O Por Rubens Ewald Filho
| Data: 24/01/2017

Apesar de toda prisão e exílios (dos diretores mais famosos) e a continua repressão no Irã, o cinema iraniano continua sobrevivendo miraculosamente e ate fazendo sucesso como é o caso raro deste diretor Forusha Farhadi, que foi indicado ao Oscar de filme estrangeiro em  2012, com A Separação (que ate foi melhor filme do Festival do Amazonas). Urso de Prata em Berlim, roteiro e Ecumênico em Cannes. Ele fez outros bons filmes como A Procura de Helly, 11, O Passado, 13. Apesar de sua excessiva metragem, ele tem um estilo muito simples, direto, naturalista. Sabendo criar clima e manter o interesse no que a gente sabe não será uma grande descoberta (já que a censura continua atenta e perniciosa) ou escandalosa revelação.

Também em momento algum cai no excessivo, na caricatura, deixando a critica social muito discreta. É sobre um apartamento em Teheran que parece estar desmoronando e atingindo seus moradores. O protagonista  Emad (Hosseini, que tem quase 50 créditos no seu currículo e trabalha pela terceira vez em longa do diretor), tem uma figura sóbria, discreta, nunca caricatural e fácil de nos convencer. Ele é um professor de escola (novamente discreta) que vive na família justamente na cobertura do prédio que esta prestes a se destruir. Também tem outra profissão curiosa, é ator e pelo jeito também diretor de peças de teatro como A Morte do Caixeira Viajante, de Arthur Miller, que esta terminando de ensaiar com sua mulher no papel principal. O problema é que ela está tendo dificuldades não apenas com o texto mas com o apartamento rachado e uma estranha invasão no lugar, que a deixou machucada e frágil. Aos poucos vai se resolvendo o enigma que no final das contas não tem muito de escandaloso, ao contrário é muito humano, quase patético. Enquanto uma mulher que seria um tipo de prostituta é chamada “mulher de muitos homens”.

Naturalmente não espere grandes conflitos e resoluções mas o diretor tem o dom de saber contar uma história, de tirar o mais sincero dos seus atores, o que o confirma como o mais importante realizador iraniano do momento. O filme foi indicado ao Oscar.