Crítica sobre o filme "Passageiros":

Rubens Ewald Filho
Passageiros Por Rubens Ewald Filho
| Data: 03/01/2017

Os americanos têm um costume curioso de sempre desejar que você “have fun”, que tudo na vida devia ser antes de tudo “Fun!”. Ou seja, divertido, engraçado, bom para distrair e passar tempo. É um hábito que por sinal demonstra como em muitas coisas ainda são juvenis e ingênuos. Enquanto aqui temos a pretensão de querer entender as coisas e porque nos achamos inteligentes e intelectuais costumamos desprezar o que é apenas divertido. Vejam o exemplo de um filme espacial como O Abrigo, que chega a ser difícil de bem compreender, mas que mesmo assim é sucesso. Enquanto este aqui embora luxuoso (custou cerca de 120 milhões de dólares) teve as piores criticas que já em muito tempo na imprensa americana. Só porque é um filme de aventura, muito bem produzido (o desenho de produção é incrível, na concepção da nave, também os figurinos, e naturalmente os efeitos especiais). Mas não é nem quer ser 2001, uma Odisséia na Espaço.

É mais o que chamavam antes de Space Opera, uma história de amor entre um casal bonitão com destaque obvio para a bela e talentosa Jennifer Lawrence (que por este filme não terá Oscar). A referência mais próxima para mim é o primeiro filme dirigido por Douglas Trumbull (criador dos efeitos especiais de 2001) que se chamava Corrida Silenciosa (Silent Running, 72) basicamente com um único protagonista (o astronauta B Bruce Dern) que fica viajando sozinho pelo espaço sideral com suas plantas. Foi ao menos o pioneiro a contar a história parecida com esta.

Num futuro não tão distante, uma esplendida aeronave Starship Avalon leva um número enorme de emigrantes - 5.259 - que irá se instalar num outro planeta, já que o nosso já esgotou seus recursos. Só que a viagem dura anos (mais precisamente 120 anos) e o único jeito é deixar os passageiros hibernando. Até que acontece um defeito que faz um deles, Jim Preston (Pratt,de Jurassic Park), acordar e tentar viver sozinho com a única ajuda de um androide cuja missão é servir bebidas alcoólicas e dizer banalidades (Michael Sheen). Vivendo solitário, Jim não resiste quando se interessa pela bela Aurora (Jennifer), que tem pretensões de ser escritora e a quem faz despertar.

Embora já perto da conclusão do filme surjam outros personagens, a história é basicamente uma história de amor entre o casal enfrentando preconceitos e problemas. Além de terem que realizar efeitos notáveis para salvar a nave e os passageiros. Mas não há nada de “time line” ou intelectualismo. É apenas uma aventura no espaço que é basicamente uma história de amor. Isso não lhe parece que é o suficiente?