Os americanos têm um costume curioso de sempre desejar que você “have fun”, que tudo na vida devia ser antes de tudo “Fun!”. Ou seja, divertido, engraçado, bom para distrair e passar tempo. É um hábito que por sinal demonstra como em muitas coisas ainda são juvenis e ingênuos. Enquanto aqui temos a pretensão de querer entender as coisas e porque nos achamos inteligentes e intelectuais costumamos desprezar o que é apenas divertido. Vejam o exemplo de um filme espacial como O Abrigo, que chega a ser difícil de bem compreender, mas que mesmo assim é sucesso. Enquanto este aqui embora luxuoso (custou cerca de 120 milhões de dólares) teve as piores criticas que já em muito tempo na imprensa americana. Só porque é um filme de aventura, muito bem produzido (o desenho de produção é incrível, na concepção da nave, também os figurinos, e naturalmente os efeitos especiais). Mas não é nem quer ser 2001, uma Odisséia na Espaço.
É mais o que chamavam antes de Space Opera, uma história de amor entre um casal bonitão com destaque obvio para a bela e talentosa Jennifer Lawrence (que por este filme não terá Oscar). A referência mais próxima para mim é o primeiro filme dirigido por Douglas Trumbull (criador dos efeitos especiais de 2001) que se chamava Corrida Silenciosa (Silent Running, 72) basicamente com um único protagonista (o astronauta B Bruce Dern) que fica viajando sozinho pelo espaço sideral com suas plantas. Foi ao menos o pioneiro a contar a história parecida com esta.
Num futuro não tão distante, uma esplendida aeronave Starship Avalon leva um número enorme de emigrantes - 5.259 - que irá se instalar num outro planeta, já que o nosso já esgotou seus recursos. Só que a viagem dura anos (mais precisamente 120 anos) e o único jeito é deixar os passageiros hibernando. Até que acontece um defeito que faz um deles, Jim Preston (Pratt,de Jurassic Park), acordar e tentar viver sozinho com a única ajuda de um androide cuja missão é servir bebidas alcoólicas e dizer banalidades (Michael Sheen). Vivendo solitário, Jim não resiste quando se interessa pela bela Aurora (Jennifer), que tem pretensões de ser escritora e a quem faz despertar.
Embora já perto da conclusão do filme surjam outros personagens, a história é basicamente uma história de amor entre o casal enfrentando preconceitos e problemas. Além de terem que realizar efeitos notáveis para salvar a nave e os passageiros. Mas não há nada de “time line” ou intelectualismo. É apenas uma aventura no espaço que é basicamente uma história de amor. Isso não lhe parece que é o suficiente?