Crítica sobre o filme "Viva":

Rubens Ewald Filho
Viva Por Rubens Ewald Filho
| Data: 01/12/2016

Drama cubano, feito por diretor irlandês de certo renome (fez, por exemplo, a comédia De Cabelos em Pé/ Blow Dry, 01, com Alan Rickman e Nathasha Richardson, Correndo para Cachorro, com Fionulla Flanagan, o terror Alucinação com Jack Huston, um desconhecido Dominador de Corpos). Na verdade, nenhum deles é muito bom e merece qualquer destaque. Este filme feito para a televisão chegou a ser premiado em festivais gays em Santa Barbara e pela TV irlandesa. Curiosamente o ator porto-riquenho vencedor do Oscar, Benicio del Toro assina como um dos co-produtores.

Embora esteja carregado dos antigos clichês do cinema cubano dos anos 40 e 50, o filme é bem interpretado e apesar dos lugares comuns todo o melodrama é realizado com certa dignidade. Principalmente ressuscita os bons tempos dos boleros cubanos trágicos e gritados com toda a garganta possível só que naturalmente interpretado por travestis quase todos de mais de 60 anos. Com uma exceção, que vem a ser o jovem ator central do filme, um rapaz inexpressivo mas com cara de bonzinho e jeito discreto (que a direção pediu para que fosse efeminado). Filho de um decadente lutador de boxe (o famoso ator cubano Perrugoria, que até andou filmando aqui pelo Brasil) e de uma mulher. Aí francamente não entendi muito, já que a que se diz sua mulher dubla as canções e tem jeito de homem, enfim... besteira perder tempo em detalhes num projeto que obviamente tenta contar com gentileza o sofrimento do rapazinho de bom coração (ele ajuda a vizinha que fica grávida, ganha dinheiro se prostituindo com homens e acaba ajudando o pai que reaparece muito doente).

Ah, Viva é o nome artístico que ele adota quando descobre que sua verdadeira vocação é o palco da boate gay (porque ele é tão loucamente aplaudido é outro mistério do filme). Francamente acho que estou sendo injusto com uma realização ingênua e romântica, que não faz mal algum. Capaz até de cumprir sua modesta pretensão.