Crítica sobre o filme "É Apenas o Fim do Mundo":

Rubens Ewald Filho
É Apenas o Fim do Mundo Por Rubens Ewald Filho
| Data: 25/11/2016

Esta é nova confirmação do jovem diretor Dolan, que fez a obra-prima Mommy (Idem) que vocês realmente precisam assistir. Ele é canadense de Montreal, nasceu em 1989 e é totalmente autodidata e assumidamente gay. Não é influenciado por nenhum outro cineasta, escreve seus roteiros, escolhe a trilha de musicas de seus filmes (sempre fortes e marcantes), é também bom ator e já foi varias vezes premiado em Cannes, sendo que por este filme mais recente ganhou o Premio do Júri (ainda que tenha sido bastante contestado porque muitos acham que já foi excessivamente premiado). De qualquer forma, ele é o maior talento que surgiu no cinema nos últimos anos, confirmado com este novo filme, que está sendo muito mal lançado sem preparação devida e já na época natalina (e ainda por cima com um titulo ruim, que parece comédia). Mas não tem graça nenhuma. Ele adaptou uma peça teatro indicada por uma atriz amiga, escrita por Jean Luc Lagarce (que morreu de Aids e aqui retoma um dos temas mais velhos do teatro, a Volta ao Lar).

Na primeira cena ele já se explica, dizendo que esta morrendo de Aids e vai visitá-la no interior depois de cerca de 12 anos de ausência. Quem faz o personagem e resulta numa inesperada surpresa é o Gaspard Ulliel, que ficou mais conhecida porque viveu bem a biografado figurinista em Saint Laurent, 14, e também Hannibal a Origem, Eterno Amor, Anjo da Guerra. Na verdade é impressionante como progrediu e apesar do seu tipo estranho segura um filme e um papel muito pesado, cercado de atores excelentes. E Dolan usa seu estilo de planos fechados, emoção a flor da pele envolvendo o espectador mesmo que ele esteja relutante. Ele criou um tipo de mãe para a estrela veterana Nathalie Baye que muda completamente de imagem, mas no duelo ninguém fica atrás. O já quase brasileiro Vincent Cassel vai crescendo e acaba tendo dois ou três poderosos monólogos de assustar (afinal o dialogo diz o filme é muitas vezes impossível se entender com a família). Marion Cotillard faz a esposa dele, completamente por fora de tudo, incapaz de se expressar, mas plena de ternura, confirmando-se como a grande figura do cinema francês e internacional. E também como a Irmã mais nova Lea Seydoux, em pleno desenvolvimento. A questão da homossexualidade deixa de ser tão importante e o conflito familiar se universaliza. Um filme poderoso que recomendo nem que seja para descobrir este jovem diretor de talento.