Crítica sobre o filme "Chegada, A":

Rubens Ewald Filho
Chegada, A Por Rubens Ewald Filho
| Data: 23/11/2016

Prepare-se para algo diferente em termos de ficção científica e não de super-heróis da Marvel. Exibido no Festival de Veneza, é o novo trabalho de um diretor que já é Cult, o franco canadense Dennis Villeneuve, que tem surpreendido com filmes como Incêndios, Os Suspeitos, Sicário. E o próximo Blade Runner 2049. Intenso e de poucas palavras, conta uma história que tem semelhanças com outras viagens espaciais misteriosas, em especial Interestelar de Christopher Nolan, já que é preciso prestar atenção na história, em particular na meia hora final quando ela toma um caminho que pode confundir e provocar debates ao final da projeção.

O ponto alto do elenco é sem dúvida a sempre adorável Amy Adams que tem finalmente um papel a altura de seu talento, a Dr Louise Bank, especialista em diferentes linguajares que é chamada para uma estranha missão, naves especiais de formato diferente que aparecem em diversos lugares do Globo (o Brasil não, preferiram a Venezuela, certamente porque esta a beira da calamidade total, o Brasil tem apenas outra rápida citação). Louise faz parte desse grupo de elite que tenta impedir um confronto total, ou seja, uma guerra, entre aqueles estranhos ETS que chegam mas não conseguem se fazer entender. Ainda mais quando todos os países querem ter mais envolvimento no que pode ser um holocausto total. Louise que está inundada de memórias do passado (quando perdeu uma adorável criança) é a única que esta determinada a resolver o problema, se bem que outro americano Ian (Jeremy Renner) também pareça bem intencionado.

Muito bem realizado com um tom de fotografia nebuloso (o diretor chamou de Dirty Sci-fi), o filme prende a atenção até o final, mas aconselho que assistam o filme acompanhados - e quando mais inteligente a pessoa melhor! Assim é preciso nos deixar envolver em tramas complexas que aos poucos vão ganhar forma e intensidade. Tive a sorte de sentar com duas produtoras de TV com quem fiquei discutindo o mistério (na verdade, na cabine – um cinema bem grande - formaram-se grupos de diversos jornalistas também discutindo o conteúdo da trama). Talvez seja mesmo recomendável assisti-lo duas vezes.

Villeneuve se esforçou para que toda a tecnologia do filme fosse verdadeira sob as ordens de Stephan e Christopher Wolfran. A trilha musical do filme foi composta por um islandês que começou a trabalhar nela antes de começar o filme e a foram desenvolvendo durante a rodagem (que foi em Montreal). Também houve a preocupação de criar uma linguagem para os alienígenas que fosse também até certo ponto compreensível (usando logogramas).

O filme rendeu ate agora 35 milhões de dólares para um orçamento de 47. Mais 14 no exterior. O que não é nada promissor. Quem sabe no resto da Europa vá melhor.