Difícil entender porque um diretor tão jovem como Scott Derrickson (nem Wikipedia nem IMDB informam sua idade) e ainda com tão poucos créditos conseguiu a missão de realizar um projeto da Marvel tão ambicioso e aguardado. Mais que isso: com bom resultado. Além de ter feito escola de cinema, seus trabalhos são geralmente roteiros de filmes de terror e depois passando também para a direção deles: Hellraiser V: Inferno, 2000 (para vídeo), O Exorcismo de Emily Rose (05), o horrível e refilmado O Dia em que a Terra Parou (08), A Entidade (12), Livrai-nos Mal (14) e como projeto Two Eyes Staring, também horror.
Mas agora Scott já fala com segurança que irá voltar no segundo Dr. Strange já que a série parece segura com a recepção positiva de um risco muito grande (estimado em 165 milhões de dólares). Não sou especialista em quadrinhos mas para mim o filme começou devagar, com direção de arte e até fotografia duvidosas (era IMAX e 3D), mas que aos poucos foi crescendo e por incrível que pareça conseguiu se tornar espetacular.
Ajudou muito o fato de que sou fã do protagonista britânico de quem não perco as aventuras de Sherlock Holmes, um personagem que tem muitas semelhanças com o Doctor Strange (a pretensão, o orgulho, a arrogância) . Mas a pegada é diferente e acaba sendo mais um peso do que uma vantagem. O fato é que o ator britânico hoje é um incrível ídolo em sua terra, tem confirmado sua competência no palco (fez Hamlet, obrigatoriedade para alguém no seu status) e já teve ate indicação ao Oscar por O Jogo da Imitação, 14. Vai ser difícil imaginar o personagem sem ele. Embora usem truques de efeitos especiais que lembram outros, na verdade exploram veredas inesperadas como os jogos de espelhos. Só sei que fui me entusiasmando muito com as reviravoltas cada vez mais explosivas na parte final.
Acho que faz diferença o fato do herói ser um médico, o Doutor Stephen, não o único do gênero, mas uma figura determinada e pedante, que despreza os colegas (até mesmo a que poderia ser sua companheira, papel secundário mas que Rachel McAdams faz com a segurança de quem atualmente é uma das atrizes preferidas de Hollywood!). A situação fica mais complexa quando ele sofre um tremendo acidente de carro que deixa suas mãos paralisadas (em parte por culpa sua) e isso parece determinar o fim de sua carreira. Mas não desiste e vai para o Nepal, em busca de soluções e resultados. Seu grande encontro é justamente com quando encontra a mística The Ancient One (quem mais poderia ser do que a sempre inesperada Tilda Swinton), mas também tem que enfrentar o grande inimigo Kaecilius (vivido pelo dinamarquês Mads Mikkelsen).
Não gosto de contar o conteúdo de filmes que prefiro que o leitor vá degustando até se satisfazer. Este conseguiu manter meu interesse e expectativa até o fim incluindo os dois clips finais, um muito divertido que vem logo depois dos letreiros principais e outro ao final da projeção, que achei ainda mais interessante porque é parte integral da trama. Na verdade, num ano muito irregular tanto em filmes sérios quanto em blockbusters, este vai para a minha lista dos bem sucedidos. Confiram.
P.s. - Como sempre nos filmes da Marvel temos a aparição rápida de Stan Lee (desta vez rindo de um livro, As Portas da Percepção). E principalmente dois adendos ao final depois dos letreiros do elenco principal, há uma sequência divertida entre Benedict e um Deus visitante Chris Hemsworth, no que é basicamente um momento de humor. Mas tenha paciência porque ao final há ainda um momento muito bom em que o ótimo ator Eijofor age inesperadamente com outro personagem /ator famoso. Enfim, não saia antes do final e avise os outros.