Crítica sobre o filme "Indignação":

Rubens Ewald Filho
Indignação Por Rubens Ewald Filho
| Data: 01/11/2016

Co-produzido pelo brasileiro Rodrigo Teixeira (e Gustavo Rosa), e mais o ator Logan Lerman e outros 12, esta é a estreia na direção de um roteirista muito respeitado, James Schamus (trabalhou com frequência com Ang Lee indicado aos Oscars por O Segredo de Brokeback Mountain, O Tigre e o Dragão), além de ter sido produtor de 50 filmes! Desta vez ele adaptou um livro de um dos autores judeus mais prestigiosos do momento que é Philip Roth (que ficou mais famoso depois de um polêmico casamento/divórcio com a atriz Claire Bloom). Dele foram adaptados para o cinema por ordem de data, Paixão de Primavera (Goodbye Columbus, com Ali McGraw, 69), O Complexo de Portnoy, 72, Revelações (The Human Stain, 03, com Nicole Kidman e Anthony Hopkins), Fatal (Elegy, 08, com Ben Kingsley, Penelope Cruz), O Último Ato (Humbling, 14, Al Pacino), e ainda Pastoral Americana (16, que está para estrear dirigido por Ewan McGregor).

Praticamente todo situado numa universidade no ano de 1951 (com excesso de voice overs e ritmo lento) é estrelado pelo jovem Logan Lerman, que foi ator infantil e teve certo sucesso nas aventuras de Percy Jackson, ganhando depois participações importantes em Noé, Corações de Ferro e seu melhor trabalho no cult As Vantagens de ser Invisível. Mas certamente a melhor presença do filme é um dramaturgo e ator que vem crescendo mas ainda é pouco conhecido aqui, Tracy Letts. Ele ganhou o premio Tony por Quem tem medo de Virginia Woolf, escreveu a peça e filme Killer Joe, foi ator no premiado A Grande Aposta e no famoso Álbum de Família também de sua autoria ,13. Como o diretor da escola que dá conselhos ao herói ,ele tem uma presença impressionante e dominadora. Pena que o resto do filme não tenha a mesma força. Falta energia, conflitos mais intensos, mais senso de humor e mesmo romance no que é basicamente outra história de um rapaz judeu com pais dominadores, mas de bom coração, que vai estudar numa universidade onde tem a chance de demonstrar que não tem religião, não é bom em encontrar namoradas (com a canadense Sarah Gadon, que tem 63 créditos e até agora ninguém sabe quem é!). E seu maior conflito é que vai lutar na Guerra da Coréia (cena que abre e encerra o filme mas resulta dúbia). Mesmo num ano muito fraco nos Oscars este não parece ter muita chance. Foi exibido no Festival do Rio onde veio o diretor, pena que o Festival seja uma confusão e já não se tem mais acesso a ele.