Crítica sobre o filme "Doce Refúgio, Um":

Rubens Ewald Filho
Doce Refúgio, Um Por Rubens Ewald Filho
| Data: 05/10/2016

Para mim foi uma encantadora revelação esta comédia tipicamente francesa (com sua paixão pelo Campo, pela Campagne, seu estilo narrativo tranquilo a la Jacques Tati, um humor discreto e mesmo assim envolvente, suas piadas inesperadas, sua trilha rica em citações) e também a confirmação talento do ator e diretor Poladylès que aos poucos vai conquistando o espectador. Indicado ao premio Louis Delluc de melhor filme do ano e o Cesar de coadjuvante para a excelente Agnés Jaoui (famosa atriz, diretora, roteirista, que aqui não tem problema em expor inteiramente nua numa pose estátua de Venus, dona de uma contagiante simpatia).

Voltando ao diretor, ele dirigiu poucos filmes (episodio de Paris Je T´aime, o divertido Adeus Berthe, O Enterro da Vovó, 12, que foram exibidos por aqui) mas é frequente ator (entre outros, esteve no Festival Variloux 2016 também em Chocolat e La Belle Saison). Trabalha com frequência com o irmão ator que faz aqui o papel de seu chefe.

Aqueles acostumados ao atual estilo de grosseria das comédias americanas não devem nem passar perto de um filme elegante e charmoso sobre um homem que trabalha (aliás, difícil entende o que ele faz, porque a maior parte do tempo esta enganando o patrão e a esposa, a indiscutível Sandrine). Um dia vai entender porque ele resolve comprar um caiaque para navegar nos rios perto de casa. Adquire logo todo o material e sai numa expedição que o leva a ter várias sonecas, uma briga com um pescador (aparição deliciosa do veterano ator Pierre Arditi), uma estadia numa pensão/restaurante (onde fará muitos amigos, inclusive com uma jovem chamada Mila, vivida por uma jovem atriz indiana Pons!). Com alguns momentos de sexo, outros de desastrosa incompetência, é um filme muito especial, que devia ser proibido para menores de idade, que são incapazes de curtir um filme tão engraçado e especial (que só falha um pouco ao final, ao deixar de encontrar uma solução mais divertida). Mas desde já coloca o diretor na lista dos meus cineastas promissores!