Crítica sobre o filme "Stonewall - Onde o Orgulho Começou":

Rubens Ewald Filho
Stonewall - Onde o Orgulho Começou Por Rubens Ewald Filho
| Data: 03/10/2016

Este não é primeiro filme sobre Stonewall, o lendário bar do Village nova-iorquino na Christopher Street, onde começou em 28 de junho de 69 a reação dos homossexuais que resistiram a pedradas durante 3 dias contra os policiais que queriam fechar o lugar e prende-los. Um ponto de partida fundamental para todo o movimento gay no mundo todo (o bar ate hoje existe e pode ser visitado). Curiosamente este filme mesmo modesto (custou 13,5 milhões de dólares e foi um fracasso absurdo de bilheteria, não passando de 186 mil de renda!). Difícil explicar porquê. Talvez a antipatia pelo diretor alemão Emmerich (que é mais conhecido pelos blockbusters como Independence Day) ou a reação negativa da comunidade (ainda mais difícil de explicar porque) que detonaram com o filme. Que não é nenhuma maravilha, mas não me pareceu mal intencionado.

Houve outras versões sobre o tema. Em 1995, teve a versão homônima mas “ficcionalizada” de Nigel Finch, que registrou basicamente a mesma coisa que aqui, só com mais modéstia. E erros (situou a revolta em 65 e foi em 69!). E depois disso, um documentário seminal chamado After Stonewall, de John Scagliotti, de 99. Há uma lenda de que a luta em Stonewall teria começado justamente no dia em que morreu o maior ídolo gay que era Judy Garland, e que de certa forma, isso teria feito estourar a paciência dos homossexuais que a veneravam.

Se tem omissões, ou falhas, acha que não é todo mundo que conhece a história real e sua importância no movimento LBG. É repleta de clichês mas normalmente o cinema de Hollywood é assim e não tem coragem de defender minorias com a firmeza daqui. O filme tem participação especial de alguns famosos ingleses (Jonathan Rhys Davis que fez a série do rei Henrique VIII e o papel central é de outro jovem inglês Jonathan Irvine, revelado por Spielberg em War Horse). Por outro lado, o filme é discreto em nudez (quase nenhuma), cenas de sexo (não mostrada nada), uso de drogas (raro), caindo em certos clichês. Como começar com o herói bonitinho que é forçado a sair de casa quando descobrem sua sexualidade fazendo amigos com os mais variados gays que eram obrigados a dormirem juntos num mesmo quarto e por vezes na rua, ou se prostituírem para sobreviverem.

Se o filme, repetimos, não é uma obra de arte, é muito importante e mesmo heroica a história que conta, a coragem de enfrentar a policia e o moralismo bisonho daquelas pessoas (sempre com hipocrisia).