É incrível que mesmo a Disney, de ilustre história e fantásticas bilheterias (e habilidade de criar espectadores fieis!) seja capaz de errar ocasionalmente com suas produções infantis, às vezes eu chego a pensar que fazem de propósito para depois descontarem como perda no imposto de renda, diante da enormidade de suas bilheterias. Este caso em particular é dos mais infelizes, porque nem ruim chega a ser, é só antiquado, bobinho, com efeitos especiais discutíveis (fazer filme com dragão depois daqueles da HBO com Game of Thrones é uma temeridade). Também culpa do diretor Lowery, que foi montador e dirigiu antes muitos curtas e dois longas que desconheço (Deadroom, 05, e St Nick, 09) e o infeliz Amor Fora da Lei (Ain’t their Bodies Saints, 13, com Rooney Mara e Casey Affleck, que assisti mas não gostei).
O mais curioso e que certamente poucos lembraram é que se trata de uma refilmagem da própria Disney e que não deu muito certo (crítica e informações do filme original no final do texto). Se o original era fraco e hoje muito antiquado, esta refilmagem/ ou reinvenção como eles dizem, é ainda mais banal, com uma história tola, um elenco desinteressado (é incrível como Robert Redford envelheceu e perdeu todo seu antigo carisma!). E as cenas de ação (rodadas na Nova Zelandia) são igualmente dispensáveis. Não funciona também a protagonista Bryce (filha de Ron Howard e que estava bem em Jurassic Park) nem o desconhecido menino.
A trama não podia ser menos original (inúmeros outros já usaram situação igual inclusive os que lidam com outros monstros desde o próprio Mowgli ou o lendário Menino Lobo de Truffaut. O protagonista é um garoto chamado Pete que vive numa floresta há cerca de seis anos depois de que num acidente seus pais morreram. Uma guarda florestal (Grace) tenta cuidar dele, mas este diz que já tem um amigo chamado Elliot (o pai dela soube do bicho anos antes). Grace quer ajudar mas tudo se complica com homens da cidade que desejam destruí-lo.
Não foi um filme tão caro assim (custou 65 milhões de dólares), mas fracassou nos EUA onde não rendeu mais do que 72 milhões (e mais 42 milhões no mercado exterior). Mas dá para entender, o filme é fraco como aventura, diversão juvenil ou adulta.
Leia a crítica do filme original:
Meu Amigo, o Dragão (Pete´s Dragon)
EIA, 1977. 106 min. Diretor: Don Chaffey. Elenco: Mickey Rooney, Helen Reddy, Jim Backus, Jim Dale, Shelley Winters, Red Buttons.
Sinopse: Na costa do Maine, o órfão Pete é amigo de Elliot, um dragão amigável. O garoto vive com Nora e o pai dela, Lampie, que é zelador do farol da cidade, mas é perseguido por seus abusivos pais adotivos.
Comentários: Ou seja, nada a ver com esta versão atualizada! O filme saiu em Home Video em diversas versões (a mais longa foi de 134 minutos, a mais comum, de 128, mas a nacional tinha apenas 106 minutos!). Foi indicado aos Oscars de canção (a bonita Candle on the Water) e melhor música (dos mesmos autores, maestro Irwin Kostal, os compositores Al Kasha, Joel Hirschorn). Este foi o primeiro filme da Disney gravado pelo então novo sistema Dolby (e também o primeiro do estúdio a sair em VHS nos EUA). Concebido originalmente como episódio da Disneylândia da TV em 57, acabou sendo expandido para musical de grande produção depois do êxito de Mary Poppins.
O dragão, que inicialmente não seria visto, acabou virando desenho animado (sob a direção do consagrado Don Bluth) e com 22 minutos em cena. É o dragão tímido, verde e cor-de-rosa, desajeitado e gordo chamado Pete (usando a velha técnica de misturar atores com desenho). O filme lançou como astros o ator inglês da Broadway Jim Dale (Barnum) e a cantora pop Helen Reddy (nenhum dos dois foi pra frente). Foi prejudicado por momentos de chanchada e tramas paralelas desajeitadas, excesso de canções e pouco dragão! Saiu no Brasil em 2009 pela primeira vez em DVD com muitos extras.