De todos os sobreviventes do chamado Dogma, a escola dinamarquesa que durou alguns anos, o diretor Vinterberg foi o que melhor sobreviveu ao blefe (grande parte do que eles defendiam eram truques e golpes para ficarem famosos) e demonstrou maior talento. Desde o primeiro sucesso que foi Festa de Família (Celebration, 98) que foi até transformado em peça teatral na Broadway e até hoje é lembrado com respeito. Mas também cometeu muitos erros (Dogma do Amor, Querida Wendy, o fraco Quando um Homem Volta para Casa, Submarino). Saiu-se melhor com A Caça (indicado para o Oscar e globo de Ouro de filme estrangeiro) e recentemente com Longe Deste Insensato Mundo (uma refilmagem que não saiu em nossas salas mas existe em VOD, com Carey Mulligan, e Michael Sheen).
Esta boa fase parece se consolidar neste filme recente que é inspirado em fato real, sua própria vida, quando nos anos 70 era garoto e sua família resolveu viver em uma comunidade dinamarquesa. Claro que nada tem a ver com a que chamamos hoje nos bairros pobres de nossas cidades. Aqui, é uma quase mansão, uma casa grande que pertence a um arquiteto (o famoso Ulrich Thomsen, que esteve em Mortdecal, Segunda Chance, Em um Mundo Melhor etc.). Junto com a mulher que é veterana apresentadora de TV e a filha quase adolescente, eles tentam viver juntos com outros casais e até um estrangeiro. Pena que os personagens não são muito bem desenvolvidos, principalmente os que não fazem parte do grupo central (o arquiteto logo se envolve com uma jovem aluna e o filho pequeno de outro casal logo anuncia que sofre de doença grave e deve morrer logo!). Claro que irão suceder crises e mais uma vez fica-se sabendo que esse estilo de vida não da certo (engraçado mas o diretor não parece querer colocar dedo na ferida, deixa tudo superficial). Apesar disso, o elenco é convincente e Vinterberg foi aprendendo com a experiência. Vale conferir.