Crítica sobre o filme "Viagem do Meu Pai, A":

Rubens Ewald Filho
Viagem do Meu Pai, A Por Rubens Ewald Filho
| Data: 11/08/2016

O diretor Le Guay fez antes o inteligente Pedalando com Moliére, As Mulheres do Sexto Andar, e Juliette Amor Alucinante, todos eles com meu ator francês preferido do momento Fabrice Luchini. Mas escolheu desta vez uma história ingrata e difícil, porque já sabe que não tem resolução positiva. É outro filme sobre a doença de Alzheimer, no caso um senhor de 80 anos, que vive numa antiga casa na região de Annecy (perto dos Alpes e da Suíça), onde implica com as mulheres que tentam cuidar dele e não percebe as boas intenções da filha mais velha (a sempre eficiente Sandrine Kiberlain) que agora cuida da indústria da família. Com a doença cada vez mais acentuada, ele compra briga com um antigo amigo que faleceu, acusando-o de fraude, vive falando da filha mais nova que vive na Flórida (de onde ele louva o suco de laranja) e que ele não guarda que morreu num desastre de automóvel. Fora a delicada paisagem onde se passa a história, os conflitos são tristes e desoladores, como as tentativas que fazem para interná-lo num casa de repouso e uma viagem de avião a Flórida que pode ou não ser de verdade.

Um tema difícil que o cinema tem abordado com frequência e que aqui serve veículo para um veterano e grande ator Jean Rochefort, que não é muito famoso por aqui embora tenha filmado no Brasil (isso faz tempo com Pour um Amour Lointain, de 62, dirigido por Edmund Séchan, com Cristina e Isabel Jardim). Nascido em 1930, ele tem 159 créditos e tem um trabalho exemplar, ganhando um Cesar Honorário em 1999, outro pelo inédito aqui, Le Crabe Tambour,77, e mais um Que la Fête Commence, 75, de Tavernier (mais quatro e indicações para o Cesar e duas para o European film Award, público e critica com Uma Passagem para a Vida, 02).

Enfim, um filme sério (que estranhamente não foi consumido pelos franceses). Talvez por ser amargo e triste demais.