Crítica sobre o filme "De Longe Te Observo":

Rubens Ewald Filho
De Longe Te Observo Por Rubens Ewald Filho
| Data: 10/08/2016

Parece incrível que com todos os problemas econômicos que deixam sua população sem ter o que comer (o que é mostrado discretamente com filas e nos bairros populares, que lembram muito o Brasil!), a Venezuela tenha feito este filme que levou o Urso de Ouro de Veneza. Mais prêmios de ator em Biarritz, estreante em Havana, roteiro em Miami, menção especial em San Sebsatian, roteiro e ator em Tessalonik, apesar de sua produção e de ser um filme sem recursos e outro dentre tantos que abordam a temática gay.

Eu detesto a mania do cinema atual de filmar a nuca das pessoas enquanto elas caminham e caminham ao léu. Isso se repete com frequência ao contar com o mínimo de diálogos a vida de um homossexual que trabalha numa firma que fabrica material dentário (dentes postiços) e se distrai pagando para garotos de programa (ou simplesmente que precisam de dinheiro) embora no que vemos se limita a observá-los seminus de costas. Ele se interessa por um pivete, que aceita o dinheiro, mas consegue fugir e ate agredi-lo. Ainda assim o rapaz consegue salvar um carro antigo em um desmonte e acaba se envolvendo com o velho (que passa o filme inteiro com a mesma expressão e olhos tristes, não se explica muita coisa inclusive que relação ele teria com o pai, que é um homem de negócios bem vestido e que num elevador o ignora!). Não é difícil também imaginar o resultado até cruel, já que a tradição continua a ser romance homossexual com final infeliz. Nunca positivo.

Não acho que seja caso para tanta premiação, mas a segura da narrativa - como hoje está na moda - e um elenco eficiente (como disse, mesmo sem se expressarem) mantém o interesse.