Crítica sobre o filme "Montanhas Se Separam, As":

Rubens Ewald Filho
Montanhas Se Separam, As Por Rubens Ewald Filho
| Data: 07/07/2016

Não cheguei a assistir o documentário que Walter Salles (Central do Brasil) fez em homenagem ao diretor chinês, Zhang-Ke Jia com Jia, Zhangke, Um Homem de Fenyang (2015), um “retrato afetivo” sobre a vida do diretor. Ele realizou junto com sua esposa Zhao Tao, por sinal encantadora e eficiente (não sei porque a achei parecida com Meryl Streep). E não me entusiasmei com os outros filmes dele: Plataforma (2000), Em Busca da Vida (2006), 24 City (2008), Memórias de Xangai (2010), Um Toque de Pecado (2013).

Rodado nas proporções antigas (ou seja, o plano é quadrado no começo e visivelmente gravado com digital de pouca qualidade), o fato é que a primeira parte, com cerca de 45 minutos (só então é que entram os letreiros de apresentação) é extremamente lenta e difícil de seguir. Quando se muda a ação, a tela passa a ser em widescreen. Passa-se no final de 1999, quando Tao, uma jovem de Fenyang é disputada por dois amigos de infância, Zang e Lianzi. Zang, dono de um posto de gasolina, é ambicioso, sem escrúpulos e parece certo que ficará rico. Enquanto Liang que trabalha numa mina de carvão é tímido e logo será rejeitado. Parece lógico que Tao ficará com o mais agressivo e com quem terá o filho chamado veja só, Dollar. Liang sai da região e vai para outra mina onde se casa com outra e ficará gravemente doente. Desaparece então do filme sem muitas explicações e sem fazer falta (mas o fim do triângulo deixa o filme vazio em termos de melodrama romântico que se anunciava).

O fato que não é culpa do moço, mas o filme vai melhorando muito nessa segunda parte mais solar e romântica. Dollar virou adolescente e se rebelou contra o pai (eles agora moram na Austrália) e curiosamente ele começa um romance com sua professora de línguas, uma mulher divorciada e já madura (e por isso mais interessante). Dollar quer então reencontrar a mãe (o pai é outro que quase some do filme e a mãe também fica longo período fora de cena). De qualquer forma faz com charme a dancinha da música do Pet Shop Boys Go West!